A Amazônia e o aquecimento global

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Apesar de subdesenvolvido, o Brasil é o 5º maior emissor de gases – estufa do planeta. E, como todo país subdesenvolvido, sentirá de forma desproporcionalmente alta os impactos da mudança climática ao longo do século 21 e além.

Cerca de 75% do um bilhão de toneladas de gás carbônico emitidas pelo Brasil vêm do desmatamento. E quase todo o desmatamento se concentra na Amazônia. A maior floresta do planeta já perdeu 600 mil quilômetros quadrados (15% de sua área) para lavouras, pastos e cidades. Até o ano de 2100, poderá perder aproximadamente 20% para o aquecimento global, num fenômeno conhecido como “savanização”. E uma vez transformada em savana, a floresta nunca mais voltará a ser floresta.

aquecimento global

Aquecimento Global

Isso já seria uma catástrofe para a biodiversidade e motivo mais do que suficiente para tentar evitar que o aquecimento de 3ºC aconteça. Além disso, é bom lembrar que o ciclo de chuvas na Amazônia determina também o transporte de umidade para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Com a floresta modificada, o restante do Brasil ficaria automaticamente mais seco, e os rios que fornecem água e geram energia para a maior parte da população nacional teriam seu fluxo comprometido, especialmente na região Sul e na bacia do rio da Prata, o que provocaria um apagão. Um bom motivo para qualquer empresário paulista enxergar que a preocupação com a floresta vai além da luta pelos direitos de “plantinhas e bichinhos”.

Um grande estudo feito pelo Inpe e pela USP concluíram que o aumento de temperatura previsto terá como consequência não só a “savanização” da Amazônia, como o desaparecimento da caatinga, ou seja, sua transformação de semi-árido nordestino para deserto.

o longo dos últimos cinquenta anos, o Inpe já verificou que o Brasil esquentou mais do que a média mundial no século 20. As temperaturas máximas anuais no país subiram 0,7ºC somente nesse último meio século, enquanto o aquecimento durante o inverno chegou até 1ºC.

Isso já tem impacto na economia nacional, principalmente na agricultura do Estado de São Paulo. Um estudo desenvolvido pela Embrapa e pela Universidade Estadual de Campinas mostrou que o café, que fez de São Paulo o estado mais rico do país no século passado, está sumindo aos poucos, cedendo lugar para uma forasteira insuspeita: a seringueira, nativa da quente Amazônia. A cafeicultura migraria para o Rio Grande do Sul, o Uruguai e a Argentina.

Prejuízos também para os produtores de soja. Com a redução das chuvas, ela se torna viável apenas em um pedaço da Amazônia e do Paraná. No Rio Grande do Sul, onde seu cultivo começou, ela desaparece por completo.

Além de mais pobre devido ao colapso das monoculturas, um Brasil mais quente deve certamente ver realçados problemas que já existem: desde os deslizamentos de terra até doenças infecciosas, como a Dengue e a Leptospirose, consequências da alteração na distribuição das chuvas durante o ano, que tende a concentrar-se em forma de grandes tempestades de verão.

Por fim, a maior das mazelas das grandes cidades brasileiras – a miséria urbana, que frequentemente vem acompanhada de violência – tende a crescer. Ao secar ainda mais o semi-árido, o aquecimento global poderá comprometer a já frágil produção de alimentos na região, gerando, segundo o estudo do Inpe, “ondas de refugiados do clima e grandes movimentos migratórios para as grandes cidades da região ou para outras regiões, agravando os problemas sociais já presentes nas grandes cidades.”

Pelo menos metade do desmatamento da Amazônia é ilegal: são grileiros, que ao tomar posse ilicitamente de terras públicas, desmatam grandes áreas de forma meramente especulativa, sem produzir nada; são grandes fazendeiros, que teimam em descumprir a legislação ambiental e, contando com a impunidade, desmatam além do permitido em suas propriedades; são assentados de reforma agrária e pequeos produtores que fazem o mesmo. Somados são 100 milhões de toneladas de carbono emitidas para a atmosfera por ação criminosa; mais do que todas as indústrias, todo o setor energético e todos os transportes brasileiros.

E o curioso de tudo isso é que a Amazônia representa apenas 8% do PIB nacional; e em 2004 apenas 21% da população economicamente ativa na região tinha emprego – a maioria no serviço público. O agronegócio na Amazônia concentra renda, emprega pouco e produz quase nada por hectare.
Até quando vão permitir esse desmatamento ilegal e irracional? Até quando essa bandidagem continuará no controle da situação levando o país ao caos político, econômico, social e ambiental?

As soluções propostas pelo Greenpeace:

  • Desmatamento zero: Ao zerar o desmatamento na Amazônia até 2015, o Brasil estará fazendo sua parte para diminuir o ritmo do aquecimento global, assegurar a biodiversidade e o uso responsável deste patrimônio para beneficiar a população local. Ações contra o desmatamento e alternativas econômicas que estimulem os habitantes da floresta a mantê-la de pé devem caminhar juntas. A criação de um fundo de investimentos nacionais e internacionais tornaria a proposta viável.
  • Áreas protegidas: Uma parte do bioma é protegida legalmente por unidades de conservação, terras indígenas ou áreas militares. Mas a falta de implementação das leis faz com que mesmo essas áreas continuem à mercê dos criminosos.
  • Regularização fundiária: É a definição, pelo Estado, de quem tem direito à posse de terra. O primeiro passo é o mapeamento das propriedades privadas para possibilitar o monitoramento de novos desmatamentos e a responsabilização de toda a cadeia produtiva pelos crimes ambientais ocorridos.
  • Governança: Para todas essas medidas se tornarem efetivas, o governo precisa estar na Amazônia, com recursos e infraestrutura para fazer valer as leis de preservação.

Autora: Ana Carolina Valverde Gomes


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANGELO, Claudio. O AQUECIMENTO GLOBAL, Publifolha, São Paulo, 2008.
http://www.greenpeace.org/brasil/pt/O-que-fazemos/Amazonia/

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