Não, você não leu errado! No Brasil, a concentração de glifosato na água usada em atividades agrícolas é cinco mil (!!) vezes maior do que a permitida em países europeus. São 500 microgramas/litro da substância nas lavouras nacionais contra 0,1 micrograma/litro nas dos países da União Europeia.
Ficou chocado? Então se prepara para saber o motivo: única e puramente, aumento da produção. O agrotóxico é famoso por ajudar a eliminar ervas daninhas nas plantações e também por ser altamente cancerígeno – tanto para quem o manipula na lavoura quanto para quem o consome, indiretamente, nos alimentos. Mas esse segundo fato parece não ser relevante para quem dita as regras no nosso país. Permite-se uma concentração absurda da substância na água que rega os cultivos nacionais para aumentar sua produtividade.
A denúncia foi feita na publicação Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, da pesquisadora Larissa Mies Bombardi, que trabalha no Laboratório de Geografia Agrária da USP, e (claro!) assustou a todos.
Segundo o estudo, como consequência, temos aumento nos casos de câncer no país, bebês e crianças cada vez mais intoxicados (antes mesmo de completarem um ano de vida!) e fetos com má formação, entre tantos outros prejuízos à saúde das PESSOAS – que deveriam ser colocadas na frente dos lucros do setor, não? A alta concentração de glifosato na água usada em atividades agrícolas provoca, inclusive, a morte daqueles que trabalham no campo.
Na contramão dos países europeus, que adotam leis cada vez mais severas para o uso de agrotóxicos na agricultura, colocamos cada vez mais veneno no nosso prato – inclusive para poder aumentar a produtividade e exportar alimentos para fora. Até quando?