Contribuição da extensão rural para o desenvolvimento sustentável

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Autora: Patrícia Menegaz de Farias

Extensão rural, por CAPORAL (2003), é definido como uma deliberada intervenção, de natureza pública ou privada, em um espaço rural dado realizada por agentes externos ou por indivíduos do próprio meio, orientando à realização de mudanças no processo produtivo agrosilvopastoril, ou em outros processos socioculturais e econômicos inerentes ao modo de vida da população rural implicada. Assim subentende-se que o principal objetivo da extensão rural é a contribuição para o desenvolvimento rural sustentável, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida da população. O que possibilita obter uma visão sólida sobre extensão rural no parâmetro público e social na inserção de um passado recente onde a própria justificativa para a existência de um serviço de extensão é estimular a população rural para que se processem mudanças desde a maneira de como realiza o seu trabalho no campo, até na educação de seus filhos e, por fim, de trabalhar em favor da própria comunidade.

Em todas as literaturas e em diversos estudos já realizados discute-se uma nova formulação para a prática extensionista, esta que deve estar interligada a um desenvolvimento sustentável, onde  haja interdisciplinaridade integrando nos programas de extensão a questão ambiental. Inserir a gestão participativa e do controle social sobre o orçamento público é a construção de metodologia e instrumentos de monitoramento para uma nova ATER. Assim sendo, o extensionista passa a ser um novo profissional, o facilitador, que deverá ter a capacidade de investigar, identificar e fazer disponíveis aos agricultores e suas famílias um conjunto de opções técnicas e não-técnicas, compatíveis com as necessidades dos beneficiários e com as condições ambientais. Um processo de intervenção de caráter educativo e transformador, baseado em metodologias de investigação-ação participante que permitam o desenvolvimento de uma prática social mediante a qual os sujeitos do processo buscam a construção e sistematização de conhecimentos que os leve a incidir conscientemente sobre a realidade. Assim sendo, com o objetivo de alcançar um modelo de desenvolvimento socialmente eqüitativo e ambientalmente sustentável, adotando os princípios teóricos da Agroecologia como critério para o desenvolvimento e seleção das soluções mais adequadas e compatíveis com as condições específicas de cada agroecossistema e do sistema cultural das pessoas implicadas em seu manejo.

As atividades rurais são realizadas mediante uma enorme diversidade de interações com o entorno natural; algumas questões vêm sendo já relativamente bem disseminadas, como por exemplo, o uso de áreas florestais para criação agrícola e/ou animal. A difusão de inovações tecnológicas e sua aprendizagem pelo homem do campo e o uso da comunicação escrita, visual e audio-visual mostra como transmitir uma mensagem para que ela tenha o efeito desejado no meio rural. Enfim, se tem propostas e modelos inovadores, traz a preocupação de saber o perfil profissional de quem as implementa, enquanto agente animador do processo agentes de mudança, gestor de mudança, educador agrícola, mediador tornando-se evidente que o projeto formativo requerido não pode ser reduzido a uma mera capacitação técnica e sim a um amplo fator de informações sociais para os produtores rurais. É significativo que compreender e fazer compreender as raízes desses problemas, na exploração de uma sociedade injusta e de um sistema econômico-social excludente.

O diálogo viabiliza metodologicamente o movimento da práxis: partir do vivido e do sabido para daí não só mudar sua visão de mundo, mas transformar o mundo. Através do diagnóstico rural participativo que é um processo de obtenção, sistematização e análise das informações que configuram a situação problemática e o ponto de partida para formular um plano de ação com vistas a superar tal situação. Possibilita que esse processo seja vivenciado pela comunidade na perspectiva de desenvolver uma consciência crítica, uma percepção mais clara e objetiva dos problemas sociais, econômicos e culturais e um nível de respostas autônomo da comunidade para superar a situação em que se encontra.

A partir do princípio fundamental da extensão (educação) e das categorias abordadas por FREIRE (1982), recoloca-se a função política da educação e o papel simultâneo de competência técnica e compromisso político do educador, cuja ação deve ser fundamentalmente ética, no respeito ao educando, que é também educador, e na coerência de sua ação.

Referências Bibliográficas
CAPORAL, F.R. Base para uma nova ATER pública. Capitulo VIII da Tese de Doutorado do autor. Santa Maria, RS. 2003. FREIRE, P. extensão ou comunicação? . Paz e Terra. 6ª edição. Rio de Janeiro, 1982.

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