Ocorrência de cetáceos no bloco 23

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OCORRÊNCIA DE CETÁCEOS NO BLOCO 23, DURANTE A ACTIVIDADE DE LEVANTAMENTO DE DADOS SÍSMICOS 3-D A BORDO DO NAVIO M/V GECO EMERALD, MAERSK ANGOLA

Autor: Paulo Domingos Brinca – Angola

RESUMO

Resultado de Monitoramento de Cetáceos no Bloco 23 Maersk Angola, offshore Bacia do Kwanza, durante actividade de levantamento de dados sísmicos a bordo do Navio M/V Geco Emerald. Totalizou-se 420 horas de esforço de avistagem, durante 35 dias, de 21 de Janeiro a 24 de Fevereiro de 2008, conforme o “Guia de Monitoramento da Fauna Marinha em Actividade de Aquisição de Dados Sísmicos” (AEC, 2007). As observações foram realizadas durante o período diurno a partir das “asas” externas e ponte do comando do navio sísmico. A equipe foi composta de dois observadores que se revezava em turnos, utilizando binóculos (MINOLTA® 7×50 e FUJINON® 7×50 ambos com retículos), os dados colectados foram anotados em planilhas padrão. A identificação das espécies baseou-se em características morfológicas, ecológicas e comportamentais conforme guias de identificação e utilizou-se um critério conservativo para a classificação taxonômica dos animais. A subordem Odontoceti foi mais representativa com maior incidência para a espécie Short-finned Pilot Whale (Globicephala macrorhynchus), vulgarmente conhecida como Black Fish.

1. INTRODUÇÃO

O Monitoramento, registro e interpretação das observações dos mamíferos marinhos é uma ferramenta para a conservação das espécies. Conhecendo-se o comportamento natural e identificando-se mudanças destes comportamentos torna-se possível avaliar o quanto à poluição sonora tem impacto na vida do animal (Baptista &Gaunt, 1997).

Os dados aqui apresentados foram colectados durante a actividade de prospecção sísmica no Bloco 23, offshore Bacia do Kwanza da Empresa Maersk Angola, a bordo do M/V Geco Emerald. Num período de 35 dias, foram registradas as seguintes espécies e divididos nas Subordens Odontoceti (Baleia com dentes e Golfinhos) e Misticeti (Baleia com barba) e relacionadas à presença dos animais dentro da zona de segurança, resultando na paralização das fontes sonoras conforme o procedimento padrão exigido pelo MINPET.

2. MATERIAL E MÉTODOS

A Bacia do Kwanza ao Sul de Luanda até Porto Amboím (Sumbe). O Bloco 23 esta inserido na Bacia do Kwanza, localizado entre 700 e 1800m de profundidade, aproximadamente 200km da costa. Entre a cidade de Luanda e Sumbe, aproximadamente 6 400Km2 de extensão.


Figura 1. Mapa da área de Estudo Bloco 23

Os dados foram colectados a bordo do M/V Geco Emerald, entre os dias 20 de Janeiro à 25 de Fevereiro de 2008, com média de 12 horas de esforço diário de observação, totalizando 420 horas nestes 35 dias.

As observações seguiram os padrões pré-estabelecidos pelo “Guia de Monitoramento da Biota Marinha em Actividades de Aquisição de Dados Sísmicos” (AEC, 2007).

Os observadores estavam localizados na ponte de comando ou nas asas do navio sísmico, mantendo sempre em posição, durante o período de uma hora e pausa de 30 minutos, para a amostragem. Foram utilizados binóculos (MINOLTA® 7×50 e FUJINON® 7×50 ambos com retículos). Os dados colectados foram anotados em planilhas padrão. A identificação das espécies baseou-se em características morfológicas, ecológicas e comportamentais conforme guias de identificação e utilizou-se um critério conservativo para classificação taxionómica dos animais.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os 35 dias de monitoramento da fauna marinha resultaram 112 avistagens de cetáceos, totalizando 420 horas de esforço da observação. Os dados foram

A subordem Ondontoceti, têm dentes e se alimentam de peixes e lulas foi mais representativa com 70% (n=68) das observações é a Subordem Misticeti, são caracterizadas pelas barbas de baleia, que são estruturas parecidas com peneiras localizadas na parte superior da boca e são feitas de queratina, obteve 30% (n=32) do total das avistagens. Na Tabela 1 estão os nomes científicos e o nome vulgar das espécies de cetáceos observado.

Tab.1 – Cetáceos observados durante o monitoramento da fauna marinha no Bloco 23, Maersk Angola.

Sub Ordem

Nome Cientifico

Nome Vulgar

Mysticety

Baleias (B. com barbas)

Balaenoptera physalus

Baleia comum

Blue whale

Baleia azul

Odontocet

Baleias (B. com dentes) e Golfinhos

Physeter macrocephalus

Cachalote

Short-finned Pilot whale

Black Fish

4.CONCLUSÕES

O monitoramento da fauna marinha a bordo de navios sísmicos é uma ferramenta de grande importância para a pesquisa científica, principalmente por criar oportunidades de responder diversas questões acerca da fauna em áreas distintas da costa, como por exemplo, a sazonalidade, distribuição, tamanho de grupo e na determinação de áreas de sensibilidade ambiental.

O estudo do comportamento destes animais ainda é muito limitado, já que na maioria das vezes e, principalmente, no caso de observadores de bordo, a amostragem dos mesmos só é feita acima da superfície da água. Por isso, ainda é muito precoce tentar estabelecer os comportamentos destes animais como indicadores ambientais referentes aos impactos que a sísmica pode ou não causar. Mesmo assim, ainda que limitadas, estas descrições e observações são uma grande valia, pois formam um conjunto de dados que podem ajudar em determinadas tomadas de decisões.

Dentre as observações de comportamento realizadas durante a avistagem de cetáceos, destaca-se os resultados referentes a dist&
acirc;ncia dos animais em relação a fonte sonora e seu status de funcionamento ligado ou desligado. Durante o monitoramento, os cetáceos evitaram-se aproximar do navio sísmico quando os “air guns” estão em funcionamento, uma vez que somente em 6 avistagens os cetáceos se aproximaram da área de segurança durante o funcionamento da fonte sísmica, representando 5% do total de 112 avistagens.

Os cetáceos observados durante o funcionamento da fonte sísmica ocorreram predominantemente a mais de 500m do navio sísmico, indicando que os animais estavam presentes, não havendo abandono de área, mais de grupos para evitaram ou se mantiveram afastados da fonte sonora.

6. REFERÊNCIAS

AEC, Angola Environmental Consulting, Lda. 2007. Guia de Monitoramento da Biota Marinha em Actividades de Aquisição de Dados Sísmicos.

CAPFISH – Capricorn Fisheries Monitoring. Observer Training Notes. 2007.

ERBER, C.; VENTURTTI, A. N. C; FERNANDES, M; ALENCASTRO, P. de M. R., FORTES, R.; BADUY, M. B.; RIBEIRO., L & MOREIRA.,S. C. Ocorrência de Cetáceos no Bloco BMS 42 (Bacia de Santos) durante a actividade de levantamento de dados sísmico a bordo do M/V Ramform Challenger – PGS.

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. 2005. Guia de Monitoramento da Biota Marinha em Actividades de Aquisição de Dados Sísmicos.

Whales, Dolphins and Porpoises de Mark Carwardine, publicado por Dorling Kindersley, 2000. ISBN 0-7513-2781-6. Guia Introdutório aos Cetáceos.

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