Oito após após o terremoto que devastou o Haiti – deixando aproximadamente 200 mil mortos e mais de um milhão de desabrigados –, o engenheiro Jac-Ssone Alerte, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, quer implementar um projeto que visa construir moradias populares em seu país de origem.
O local escolhido para receber o projeto é a cidade de Duchity, que fica a oeste da capital haitiana de Porto Príncipe. Não por acaso, o município onde o engenheiro nasceu. Em 2016, outro fenômeno natural, com menos abrangência nacional, chamado de Furacão Matthew, ocorreu no país e atingiu, principalmente, a terra natal de Alerte, deixando mais de mil mortos.
Em uma visita do engenheiro ao local, a sensação era de deserto. “Era como se nada estivesse acontecendo em termos de empenho para a reconstrução das moradias”, explicou, em entrevista à Agência Brasil. Foi quando sentiu o chamado para colocar em prática o sonho de ajudar seu povo a melhorar de vida.
A técnica aplicada nas moradias que Alerte pretende construir é a de solo-cimento, que promete garantir mais segurança e resistência às estruturas em caso de tremores e ventos fortes. O processo envolve a utilização de terra crua como base para a fabricação de tijolos ecológicos. Além de boas propriedades térmicas, a terra é encontrada de forma abundante na natureza e, portanto, tem baixíssimo custo.
Todo o projeto levará em consideração as projeções do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU para a região. Ou seja, as moradias serão preparadas para suportar maior incidência de dias quentes e ondas de calor. A previsão de início das obras é no final de 2018.
Quinze famílias, que serão beneficiadas pelo projeto, já foram selecionadas, de acordo com perfis socioeconômicos. Além de ganhar moradias, elas poderão fazer parte do mutirão que garantirão a construção de suas próprias casas – prática que ajuda a fomentar uma noção de pertencimento à comunidade e a estreitar laços entre vizinhos.
Que jeito e tanto de voltar para sua cidade natal, não?