O progresso econômico, o desenvolvimento industrial e o aumento dos níveis de consumo têm resultado em crescente geração de resíduos, das mais diversas naturezas e características. Nesse contexto, a gestão da cadeia reversa deve viabilizar o processo de reciclagem ou reaproveitamento, de maneira que grande parte dos resíduos seja reintroduzida no ciclo produtivo.
Quando um pneu atinge o fim de sua vida útil, ele se toma um resíduo inerte, e deve ser corretamente descartado. Esse pneu, agora denominado “inservível”, constitui outra fonte de preocupação ambiental moderna, devido, principalmente, à elevada – e crescente -quantidade descartada no país nos últimos anos, decorrência direta do crescimento da frota de veículos leves e pesados no país, e ao longo período de decomposição dos pneus (apesar de ainda incerto, sabe-se que é superior a 100 anos).
Seu descarte em locais inadequados, como rios e cursos d’água em geral, provoca a obstrução da passagem da água, aumentando o risco de enchentes nas cidades. Em terrenos baldios, por outro lado, os pneus podem constituir ambiente propício à procriação de insetos transmissores de doenças, principalmente a dengue, colocando em risco a saúde pública.
A gravidade dos problemas ambientais e sanitários gerados pelo descarte incorreto de pneus inservíveis fez com que a questão fosse objeto de regulamentação específica, envolvendo a indústria de pneumáticos. As exigências legais contribuíram para a consolidação de uma cadeia logística reversa de coleta e destinação final desse tipo de resíduo, conforme será detalhado neste capítulo.
É importante destacar que, apesar de o país enfrentar gargalos importantes no descarte desse tipo de resíduo, relacionados principalmente à oferta de unidades homologadas de destinação, bem como às respectivas localizações destas unidades, o arranjo institucional, baseado nas legislações federais e organismos criados para gerenciar e coordenar essa cadeia logística, acabou por transformar esse resíduo em matéria-prima de alto valor para diversos segmentos econômicos.
Autores: José Eduardo Holler Branco, Daniela Bacchi Bartholomeu, Maria Andrade Pinheiro,
José Vicente Caixeta-Filho
Fonte: Logística Ambiental de Resíduos Sólidos. Organizado por: Daniela Bacchi Bartholomeu, José Vicente Caixeta-Filho. Editora Atlas, 2011