“Ou a indústria entra no caminho da ecoeficiência, ou a vida dela vai ser curta”.
Mattos de Lemos – professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Autora: Olga Luci Hijano Tardio
A questão do gerenciamento de resíduos, a redução, o desperdício, a disposição e as alternativas técnicas para gestão ambiental nas indústrias, o setor produtivo nacional tem investido, mas precisa de ações específicas.
A Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos (Abetre), juntamente com a Pricewaterhouse Cooopers, publicou através da revista Meio Ambiente Industrial, que as empresas brasileiras gastam mais de R$400 milhões por ano com a correção de seus passivos ambientais apenas com serviços especializados, não incluindo custos internos, multa, indenizações e despesas judiciais.
Dados relevantes também apontam as empresas internacionais que poderiam fazer a diferença para o meio ambiente, documentos extraídos da revista americana Portifolio, que entre as dez empresas mais tóxicas na área de alimentos está a J.R. Simplot Co, fornecedora de batatas fritas da rede McDonald´s e faturamento de US$ 11,9 bilhões. Segundo a Portfolio, foi apontada pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) no ano passado como a principal emissora de fósforo no rio Portneuf, no estado de Idaho, onde as fábricas de fertilizantes lançam uma mistura de toxinas, incluindo arsênico e nitrato, segundo a revista. Em resposta, a empresa diz que reconhece que certos grupos estão insatisfeitos com as escavações de fosfato e está trabalhando com o governo para limpar a área.
Outra representante desse setor é a Cargill – faturamento de US$ 88,3 bilhões -, cujas usinas de processamento de milho despejaram substâncias tóxicas no rio North Fork Shenandoah, no Estado da Virginia. E têm sido fonte de quantia significativa de monóxido de carbono, compostos orgânicos voláteis e nuvens de poluição. Em resposta, a empresa diz que tenta agir de uma maneira ambientalmente responsável e que o tratamento de dejetos sanitários de usinas privadas são os culpados pelos despejos no rio.
No setor automotivo, a revista lembra que, apesar de a Ford – faturamento de US$ 172,5 bilhões – ser a líder em inovações verdes, ficou com o segundo pior lugar nos rankings de 2006 e 2007 da EPA referente à eficiência do consumo de combustível. Em resposta, a Ford diz que leva a responsabilidade ambiental a sério e está comprometida em criar um mundo mais sustentável através do aumento da eficiência dos combustíveis.
Representante do setor aeroespacial, a Boeing – faturamento de US$ 66,4 bilhões – entrou na lista por conta da falta de transparência sobre as suas emissões de gases do efeito estufa. A reportagem lembra que a Boeing se recusou a participar do Carbon Disclosure Project, uma iniciativa de investidores para reunir informações sobre a pegada de carbono das companhias, por se recusar a tornar a informação pública. Em resposta, a Boeing argumenta que reduziu substancialmente as emissões e a poluição sonora das aeronaves e vem calculando a eficiência das suas aeronaves.
No setor de tecnologia, a escolhida foi a Apple, com faturamento de US$ 24 bilhões, que há algum tempo promete se tornar uma empresa verde, mas está na mira dos ambientalistas por usar grandes quantidades de uma substância tóxica na produção de ifhones cordões de fones de ouvidos dos iPods. Em resposta, a Apple prometeu parar de usar toxinas nos seus produtos até o final do ano. Mas o iPhone, lançado depois da promessa, contém ambos os químicos, de acordo com testes conduzidos por grupos ambientais, o que muitos dos grandes fabricantes de celulares já eliminou dos aparelhos. A empresa preferiu não comentar as questões.
Nos serviços públicos, a escolhida foi a Southern Co, que gera eletricidade para mais de quatro milhões de pessoas, faturou US$ 15,2 bilhões e dirige seis das 50 usinas energéticas mais sujas dos Estados Unidos, segundo dados da EPA. Em resposta, a Southern Co. alega que continua investindo bilhões de dólares para diminuir as emissões enquanto busca novas maneiras de produzir energia mais limpa.
No mesmo setor, vem a American Electric Power, que implementa novas tecnologias para estocar dióxido de carbono (CO2) sob o solo e faturou US$ 13,1 bilhões. Ela é citada pela revista Portfólio por causa das emissões de mercúrio: cinco usinas da empresa estão entre os 50 maiores poluidores. Em resposta, a empresa diz que as usinas operam em conformidade com as regulamentações ambientais e estão entre as mais eficientes do mundo. E diz ter reduzido suas emissões de mercúrio com a instalação de novas tecnologias.
Na área de energia, a escolhida foi a Massey Energy, quarta maior empresa de carvão dos Estados Unidos, com faturamento de US$ 2,3 bilhões, e responsável pela derrubada de florestas em picos da Cordilheira dos Apalaches e por poluir riachos com resíduos das escavações. Em resposta, a empresa diz trabalhar no restauro das terras que explorou e usar processos ambientalmente corretos. Diz ainda que os reservatórios de resíduos não são tóxicos, que irá restaurar os picos aos níveis originais e não polui os rios.
Outra representante do setor é a petroleira Chevron, com faturamento de US$ 207 bilhões, e que foi multada em US$ 300 milhões pelo governo do Cazaquistão em outubro por violações ambientais. Nos Estados Unidos, a empresa encara multas de agências reguladoras estaduais e federais sobre a poluição atmosférica e pluvial, numa refinaria na Califórnia. Em resposta, a empresa diz que tem dado grandes passos para reduzir o consumo de energia e investido em tecnologias para aumentar a eficiência e o uso de fontes renováveis de combustível. A Chevron alega ainda, segundo a Portfolio, que as acusações sobre seus aspectos ambientais são incorretas.
No setor de alumínio, a escolhida foi a Alcoa, que lança mais de 2,7 milhões de quilos de ar poluído anualmente na atmosfera, e faturou US$ 30,7 bilhões. Em 2003, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos ordenou à empresa que fechasse três de suas quatro usinas no Texas, apontadas pela EPA como as “mais sujas da nação”, e multadas por duas mil violações dos padrões de ar limpo. Em resposta, a empresa diz que está trabalhando para melhorar a questão ambiental e não comentaria as críticas levantadas pela revista.
Assim, as indústrias tem detectado a necessidade de desenvolverem ações, capitação, assistência técnica e pesquisa e desenvolvimento para contornar tais pass
ivos, seja por imposição do próprio mercado, ou pela própria legislação.
Ressalta-se que as empresas de menor porte precisam de atenção especial, porque têm menos acesso a financiamentos, pesquisas e novas tecnologias, diferentemente das de grande porte.
Hoje, as empresas têm grandes desafios para tingir a sustentabilidade, primeiramente é economizar recursos naturais e o segundo, não lançar sobre a biosfera mais resíduos do que ela é capaz de absorver, e o último desafio é praticar o desenvolvimento sustentável.
A empresa incorporando estes desafios, logo leva a busca de melhor processo de produção, na forma de identificar onde está tendo desperdícios de matéria-prima, o que levará a uma produção mais limpa economizando menos energia, água, matéria-prima e gerando menos resíduos para serem tratados. Assim, conseguem mais competitividade no mercado.
Com foque aos resíduos sólidos, produzidos no Brasil a Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, criada em 23 de setembro de 1976., entre seus principais objetivos, a entidade busca promover o desenvolvimento técnico operacional do setor de resíduos sólidos no Brasil, aplicando os princípios do desenvolvimento sustentável e de proteção ao meio ambiente.
Este órgão, fornece dados a fim de se ter uma visão da geração dos resíduos sólidos industriais no Brasil no período entre 2001 e 2005 classificados em perigosos e não perigosos, as totalizações por estado e o total dos resíduos sólidos industriais gerados no país.
O gerenciamento de resíduos continua sendo um grande problema ao redor do mundo. Tendo em vista que o manejo e a disposição é um processo caro, muitos países estão tentando minimizar a geração de resíduos, encorajando a reciclagem e a recuperação dos materiais e sua conversão em produtos utilizáveis, composto ou energia. Conseqüentemente, a quantidade de resíduos a ser disposta será menor, o que significa que o custo com o gerenciamento de resíduos será menor. O método mais comum e mais barato de disposição de resíduos é o aterramento. A seleção da área para aterro sanitário deve ser feita cuidadosamente após a elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e sua preparação e construção deve ser conduzida de acordo com os padrões que permitirão evitar os problemas ambientais.
Um programa de gerenciamento integrado de resíduos deve ser preparado e implantado, a fim de se minimizar a utilização de recursos naturais e adaptar o manejo dos resíduos a uma forma eficiente.
Referências: