¹ Patrícia Menegaz de Farias
¹ Acadêmica do curso de Agronomia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.
O controle biológico consiste no emprego de um organismo (predador, parasita ou patógeno) que ataca outro que esteja causando danos econômicos às lavouras. Trata-se de uma estratégia muito utilizada em sistemas agroecológicos, assim como na agricultura convencional que se vale do Manejo Integrado de Pragas (MIP) (ALMEIDA, 2001)
O controle biológico denominava técnicas tão diversas como o uso de variedades resistentes, rotação de culturas, anteciparem ou retardar as épocas de plantio e colheita, queima de restos de culturas, destruição de ramos e frutos atacados, uso de atraentes e repelentes, de feromônios e de armadilhas (AZEVEDO et al MELLO, 2000).
Contudo, a denominação para os métodos citados não é unanimemente aceita pelos especialistas da área, pois estes consideram o Controle Biológico como uma ciência que trata da ação de inimigos naturais na regulação das populações de seus hospedeiros e suas presas, sejam eles insetos pragas ou ervas daninhas (BORROR et al DELONG, 1988).
O controle biológico torna-se um componente fundamental no equilíbrio da natureza, cuja essência é baseada em um mecanismo de densidade recíproca, isto é, aumento da densidade populacional da presa, ou do hospedeiro, os predadores, ou parasitos, têm-se maior quantidade de alimento disponível, também aumentando em número. Desta maneira, os inimigos naturais causam um declínio na população da praga. Posteriormente, a população do inimigo natural diminui com a queda no número de presas, ou hospedeiros, permitindo que a população da praga se recupere e volte a crescer (GRIGOLETTI et al, 2000).
Neste caso, os parasitos e predadores são agentes de mortalidade dependentes da densidade populacional da praga. Por outro lado, os fatores físicos de mortalidade, como a temperatura e a umidade, podem impedir, temporariamente, o aumento no numero de indivíduos da praga, independente do tamanho da população desta (PARRA et al, 2000). Estes são os fatores de mortalidade independentes da densidade, portanto, é possível detectar o efeito da mudança de diferentes fatores ambientais, dependentes e independentes da densidade populacional, na densidade de uma população, em diferentes tipos de ambientes.
Diante do pressuposto, para atingir os resultados, todo programa de controle biológico deve começar com o reconhecimento dos inimigos naturais da “praga-chave da cultura”, principal organismo que causa danos econômicos a lavouras. Assim sendo, uma vez identificada a espécie e o comportamento da “praga” em questão, o principal desafio dos centros de pesquisa diz respeito à reprodução desse inimigo natural em grandes quantidades e com custos reduzidos (PERREIRA et al, 1998).
Dentro do controle biológico podemos constatar duas fases distintas: o controle biológico sem a interferência, isto é, na forma como é encontrado na natureza e, aquele que é feito mediante introdução, manipulação e aplicação de organismos capazes de agir de forma contrária a pragas (CEMA, 2008). O controle biológico envolve o reconhecimento de que todas as espécies de plantas e animais têm inimigos naturais atacando seus vários estágios de vida. Dentre tais inimigos naturais existem grupos bastante diversificados, como insetos, vírus, fungos, bactérias, aranhas, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
A forma mais conhecida de controle biológico é o controle de insetos por outros insetos. Isto acontece o tempo todo nos sistemas agrícolas de forma natural, independentemente da ação do homem (PARRA et al, 2000). Porém, em alguns casos, a interferência do homem passa a ser necessária e são introduzidos ou manipulados insetos ou outros organismos para controlar quaisquer outras espécies que prejudicam os cultivos.
A relação direta das bases ecológicas com o controle biológico está inserida segundo ALTIERI e outros (2003, p. 41) na hipótese dos inimigos naturais, onde se prediz que haverá uma maior abundância e diversidade de inimigos naturais de insetos-praga em policulturas do que em monoculturas e, que os predadores tendem a ser polífagos e possuírem amplos requerimentos de hábitat. Assim sendo de acordo com ALTERI e outros (2003 apud ROOT, 1975, p. 41) espera-se que os inimigos naturais encontrem maior disponibilidade de presas alternativas e microhabitats em um ambiente heterogêneo, isto porque monoculturas de cultivos anuais não oferecem fontes alternativas adequadas de alimento, tais: pólen, néctar e presa; abrigos e locais de reprodução para um desempenho eficiente dos inimigos naturais.
Todavia, uma diversidade maior de presas e microhábitats estão disponíveis dentro de ambientes complexos, diante disso resulta-se em populações relativamente estáveis de predadores generalistas que podem persistir nesses habitats porque podem explorar a ampla variedade de herbívoros, os quais se tornam disponíveis em diferentes épocas e em diferentes microhabitats (PARRA et al, 2000). Contudo, predadores especializados devem flutuar menos drasticamente em agroecossistemas diversificados, porque os locais de refugio fornecidos por um ambiente complexo permitem que parte de suas presas escape da extinção em uma grande área, mantendo assim uma continuidade de alimento ao longo do tempo ALTERI e outros (2003 apud RISCH, 1981, p. 42).
Além do citado acima, ALTERI e outros (2003 apud RISCH, 1981, p. 42) relata que “ambientes diversificados oferecem muitos requisitos importantes para predadores e parasitóides adultos, tais como fontes de néctar e pólen, as quais não estão disponíveis em uma monocultura, reduzindo a probabilidade de que eles deixem o local ou se tornem localmente extintos”.
A diversificação de habitat há muito tempo vem send
o promovida como uma tática de conservar os inimigos naturais e aumentar o controle biológico de insetos-praga e/ou como um método integrado para desenvolver sistemas sustentáveis de controle de pragas agrícolas (ALTERI e outros 2003). Assim sendo, são amplos os enfoques que priorizam bases ecológicas que argumentam desta maneira a diversificação de habitat por fornecer recursos essenciais aos inimigos naturais, tais como: alimentação, hospedeiros e, presas alternativas e refúgios, aumentando assim a abundância no ambiente agrícola, prevenindo o surto de pragas ALTERI e outros (2003 apud HERZOG & FUNDERBUCK, 1985, p. 42)
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, S.G. Crise Socioambiental e Conversão Ecológica da Agricultura Brasileira. Rio de Janeiro: AS – PTA, 2001, p. 30 a 35.
ALTIERI, M, A. SILVA, E. N.; NICHOLLS, C.I. O papel da biodiversidade no manejo de pragas. Riberão Preto: Holos, 2003. p. 13 -14; 41 – 42.
AZEVEDO, J.L.; MELO, I.S. Controle Biológico. Embrapa Meio Ambiente Vol. 2, Juguariúna, SP. 2000, p. 212 – 385.
BORROR, D.J; DELONG, D.M. Introdução ao Estudo dos Insetos. São Paulo – SP. 1988 – Editora Edgard Blu Ltda. 635 p.
GRIGOLETTI, A. Jr. Perspectivas do uso do controle biológico contra doenças florestais. In: Floresta, v. 30. Edição especial. 2000.
PARRA, J. R.; BOTELHO, P. S. M.; BENTO, J. M; FERREIRA, B. S.. Controle Biológico no Brasil: parasitóides e predadores. Editora Manole, 2002.
PEREIRA et al. 1998. Segurança no emprego de entomopatógenos. 2ª ed, p. 171-194. In S.B. Alves (ed.), Controle microbiano de insetos. Piracicaba, FEALQ, 1163p.
CEMA – Agricultura Biológica. 2008. Disponível em: http://www.cema.bio.br/conceito.php. Acesso em: 16 ago. 2008.