O reaproveitamento e reciclagem de madeira se tornaram populares ao longo das décadas de 80 e 90, com o aumento das preocupações referentes ao desmatamento e aquecimento global.
A madeira não é um dos elementos e materiais que comumente vemos relacionados à prática da reciclagem, contudo, seu reaproveitamento e também a reciclagem da madeira são hábitos mais corriqueiros do que podemos imaginar entre setores industriais e agrícolas. Ao contrário da maioria dos materiais, a madeira é um produto em geral irregular, pode ser de muitos tipos e variedades distintos e possui até mesmo características diferentes. Com isso, a reciclagem de madeira também é uma atividade que exige criatividade – o reuso e reprocessamento pode ocorrer de inúmeros modos, e parece não haver limites para suas possibilidade de reingresso no mercado.
O grosso da reciclagem de madeira é seu uso na produção de determinados tipos de papel, compostos orgânicos como fertilizantes e, claro, combustível. O processo de
separação de madeiras para reciclagem tende, muitas vezes, a ser mais simples do que para outros compostos e materiais. De qualquer modo, o céu é o limite na reciclagem de madeira.
Podemos, no entanto, separar a madeira para reciclagem em dois grupos distintos: resíduos e aparas de madeira de reuso e farinha, pós e resíduos de produção. No segundo grupo, temos na verdade os resíduos e sobras da própria produção de artefatos de madeira. Por ser uma material mais homogêneo, pode ser usado por indústrias como a de plásticos e fundições, além de servir para a produção de compensados e aglomerados e até mesmo para alguns componentes na indústria calçadista.
Já em relação ao resíduos de reuso, de vários tipos e tamanhos, sua destinação pode atender bem à produção de fertilizantes e também para aplicações como energia e combustível. Toras e sobras de madeira podem ser facilmente utilizadas em fornos de pizzarias, padarias e mesmo na produção de cerâmicas e tijolos. Com algum processamento, a madeira vira combustível para usinas de biomassa, chegando a formas líquidas ou mesmo gasosas. Finalmente, algumas sobras podem ser convertidas em carvão vegetal de baixo rendimento.
Usos menores também dão vazão ao grande volume de madeira descartado diariamente: de móveis feitos à mão a produção de ferramentas e moldes para a construção civil, sobras de madeira são hoje utilizadas inclusive por artistas e artesãos para a produção de peças e ornamentos.
O grande ciclo
O maior ciclo de reciclagem de madeira, e aquele que apresenta o maior potencial de crescimento, é o ciclo da chamada “indústria florestal”. Constituída de empresas e indústrias que têm como principal matéria-prima a madeira de florestas de replantio, esse setor vem intensificando oportunidades para o uso de sobras e resíduos de madeira nos últimos anos, barateando sua produção e atendendo a princípios sustentáveis de desenvolvimento.
São dois os principais filões para a intensificação da reciclagem de madeira nesse setor nos próximos anos: a produção de algumas pastas de celulose pela indústria papeleira e a produção de painéis de aglomerado, por indústrias de placas de madeira, um produto principalmente destinado à produção de móveis planejados e modulares.
Por suas características, em ambos os casos restos de madeira moídos podem ser utilizados com facilidade. No caso da pasta, o cozimento da serragem e farinhas de madeira acaba tornando o composto homogêneo. No caso dos painéis, aglomerados são naturalmente fabricados a partir de madeira dita “reconstituída”, de modo que mesmo quando utilizando madeiras novas, é necessária uma etapa de moagem e trituração antes que os painéis possam ser formados. Nesse contexto, o emprego de resíduos de madeira é simples e eficaz.
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