Sustentabilidade, empresas e poderes públicos

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A industrialização trouxe o crescimento econômico, valorizando pouco a qualidade de vida, ocasionando nos países uma busca desenfreada pelo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).
O foco do desenvolvimento era crescimento econômico, visto como seu meio e fim. Scatolin (1989, p.7) afirma que ―para muitos autores o desenvolvimento é entendido como crescimento econômico‖. Sob a ótica econômica, ―desenvolvimento é, basicamente, aumento do fluxo de renda real, isto é, incremento na quantidade de bens e serviços por unidade de tempo à disposição de determinada coletividade‖ (VENTURI, p. 3)
O mundo corporativo e a sociedade civil podem estar dando conta pouco a pouco que são necessárias mudanças em conjunto, trabalho unido, em prol da vida.

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Questões como o consumismo desenfreado, a violência, os ataques terroristas, a intolerância, o aquecimento global e o efeito estufa, a destruição das florestas e da camada de ozônio, a geração e acúmulo de lixo são pautas das discussões de fóruns mundiais e da preocupação cotidiana. Essa consciência floresceu a partir da II Guerra Mundial e vem tomando corpo principalmente a partir da década de 90, quando, concretamente, uma série de debates sobre o desenvolvimento sustentável foi sendo realizada. Esse conceito abrange a preocupação da sociedade com a oferta futura de bens e serviços indispensáveis à sobrevivência da humanidade. (VENTURI, p. 4)
Em 1997, o ambientalista Adam Werbach esteve presente no gabinete do prefeito de Nova Orleans para ajudá-lo a preparar a cidade para os efeitos das mudanças climáticas que estava ciente que iria acontecer. Sua pretensão era que o Corpo de Engenheiros do Exército americano acelerasse o projeto de recuperação das áreas pantanosas próximas ao Mississipi. Em seus argumentos, tentou convencer o prefeito daquela cidade de que as áreas pantanosas são as esponjas da natureza. Ele propunha um projeto que reconstruísse os diques e rapidamente agisse na recuperação das áreas pantanosas.
mostrei-lhe os mapas das ameaças que pairavam sobre Nova Orleans e apresentei a proposta de financiamento que eu pretendia que ele apoiasse. Ele sorriu e disse que, em breve, sua equipe entrara em contato comigo. …Nunca mais ele ou alguém da sua equipe voltou a falar comigo.
Aí chegou o Katrina. Era um furacão de grau cinco, agravado pela aquecida do Golfo do México. O sistema de diques falhou desastrosamente, e as áreas pantanosas não conseguiram enfrentar a tempestade. Era setembro de 2005.
…Eu havia fracassado. Ao ver as pessoas correndo para os telhados e corpos flutuando na água, entendi que nós ambientalistas, não podemos continuar fazendo o que estamos fazendo. Pretender somente salvar o ambiente não basta – não salva vidas, nem meios de vida, nem bairros. Precisamos lutar por uma sustentabilidade mais abrangente, que leve em conta nossa sustentabilidade social, econômica e cultural, em vez de apenas o ambiente circundante. (WERBACH, 2010, p.3)
E continuando Adam, afirma que teve uma grande ideia ao acompanhar os noticiários e constatar que os donativos do Walmart estavam chegando antes da ajuda do governo federal. Sua constatação foi que
o setor empresarial tem o incentivo, as técnicas operacionais, o alcance e a inventividade para enfrentar os desafios globais que encaramos hoje em dia – desafios nas quatro frentes: social, econômica, ambiental e cultural. Por que isso? Porque no começo do século XXI, mais da metade das maiores economias do mundo eram empresas. Em 2007, as vendas do Walmart foram maiores que a economia de 144 países, segundo o Fundo Monetário Internacional. Dois terços do comércio mundial são efetuados por apenas 500 empresas. Com esse poder, surgem maiores expectativas. Cada vez mais, a sociedade vê as empresas globais como as únicas instituições poderosas o bastante para responder na mesma escala dos desafios que o nosso planeta enfrenta. Não existe um governo multinacional, mas há muitas empresas transnacionais que veem como a limitação dos recursos afeta os mercados, consumidores, comunidades e habitats naturais. E essa situação dá às empresas uma oportunidade especial de liderança. Os líderes empresariais devem reagir se é que esperam manter seus mercados e a possibilidade de crescimento da sociedade. O colapso de um sistema nacional de saúde é um peso para os cidadãos e para os empregadores. Um salto no preço das commodities por culpa da escassez de recursos é um problema para produtores e consumidores. Uma comunidade incapaz de fornecer o alimento e o bem-estar básico a si mesmo não se manterá por muito tempo. A turbulência do mundo faz com que levar em conta esses fatores seja mais do que uma responsabilidade empresarial. É uma necessidade de sobrevivência empresarial. (WERBACH, 2010, p.3)
Conforme Werbach (2010), os líderes empresariais ou comunitários precisam estar conscientes de seus atos e das consequências sociais e culturais em longo prazo. Devido às preocupações, apenas de curto prazo, diversos setores como da energia, imobiliário e companhias de seguro perderam bilhões de dólares por ocasião do Katrina, em New Orleans, Estados Unidos. Não enxergaram o futuro próximo e não se preveniram.

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