A Floresta e sua Importância

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A Importância ecológica: A importância ecológica da floresta é enorme. Já se explanou, no tema da biodiversidade, o enorme valor que as florestas tropicais possuem na conservação da biodiversidade do planeta. Porém isto não é certo apenas para as florestas tropicais. Pensemos que nas florestas, de quaisquer tipo, existe uma infinidade de formas de vida maravilhosamente adaptadas à vida florestal, sendo que, se estas florestas desaparecerem, também desaparecerão estes organismos.

Um exemplo espetacular é o do urogalo (Tetrao urogallus), ave emblemática das florestas caducifólias da cordilheira cantábrica, assim como do domínio das coníferas (pinhais de pínus silvestre e negro, de abetos e de faial-abetos) dos Pirineus.

A floresta, além disso, não apenas protege o solo, mas o incrementa. Efetivamente, os ecossistemas florestais potencializam e aumentam as camadas do solo, já que no primeiro estrato edáfico forma-se uma importante quantidade de húmus, fruto da serrapilheira e da acumulação de materiais caídos das árvores e restos de vegetação. Este estrato, rico em matéria orgânica, é fundamental para os organismos do solo, para a reciclagem de nutrientes e para a própria vida das plantas da floresta. Além disso, retém muita água e a libera pouco a pouco, o que faz com que a floresta regularize o escoamento superficial derivado de fortes chuvas, controlando possíveis inundações. Este papel é muito evidente nas florestas e na vegetação ribeirinha, atuando como verdadeiras esponjas quando das enchentes dos rios. Por outro lado, as raízes das árvores e restos de plantas da floresta retêm a terra, contribuindo assim para evitar a erosão do solo.

É interessante considerar a importância da floresta nestes aspectos, frente aos possíveis efeitos negativos de algumas obras. Por exemplo, uma estrada mal projetada pode ser perigosa diante da erosão e degradação de seus taludes, caso não exista vegetação que os proteja. Da mesma forma, as represas que armazenam a água de uma bacia hidrográfica desmatada correm o perigo de uma rápida acumulação de sedimentos transportados pelas águas, sedimentos que ficariam retidos em grande parte se as florestas não tivessem desaparecido.

Outra importante função ecológica das florestas é a purificação do ar poluído. O processo de fotossíntese faz com que as plantas da floresta absorvam dióxido de carbono da atmosfera, ao mesmo tempo que liberam oxigênio. Quiçá as florestas estejam ajudando a compensar ou frear a crescente contaminação por dióxido de carbono, que parece estar tendo um papel de destaque na evolução climática do planeta, ao mesmo tempo que compensam com a produção de oxigênio a diminuição deste gás, provocada pela sociedade industrial moderna. Também cumprem um papel importante na fixação da poeira, que ocorre na enorme superfície foliar das florestas; posteriormente as folhas se livram desta poeira através da ação da água da chuva.

Finalmente, outro interessante aspecto das florestas, como protetoras do meio atmosférico, é a grande capacidade que possuem de amortecer os ruídos, ou seja, de reduzir a poluição sonora.

Também é importante, ao menos em escala humana, a função da floresta como lugar de descontração e recreio das pessoas, assim como ponto ideal para realização de campanhas de educação ambiental. Ambas as funções, especialmente a primeira, requerem a plena conscientização das pessoas sobre a fragilidade destes ecossistemas, assim como um plano de ordenamento do território florestal e controle das explorações florestais que permitam conjugar a exploração com a função social das florestas.

Valor econômico da floresta: As florestas são fontes de grande quantidade e variedade de produtos de grande valor econômico. O produto mais conhecido e que mais dinheiro move é a madeira. Calcula-se que as florestas mundiais produzam 2 bilhões de toneladas de madeira anuais; destas, aproximadamente a metade é utilizada imediatamente como combustível in situ, enquanto o resto é comercializado.florestas

Do ponto de vista comercial, as madeiras dividem-se em dois grandes grupos:

– A madeira macia, produzida por gimnospermas, ou seja coníferas (pínus, abetos, cedros, etc.).

– A madeira dura, que obtém-se de angiospermas, ou árvores de folha grande (ou seja, carvalhos, faias, a maioria das árvores tropicais, etc.).

Do ponto de vista geral, a maior parte das espécies de coníferas (madeira macia) são árvores mais uniformes, com crescimento mais rápido e de diâmetro menor que as árvores de folhas grandes; além disso, nas florestas de coníferas (as maiores do mundo) costumam dominar uma ou muito poucas espécies diferentes, pois são muito homogêneas, característica que facilita sua exploração. Por esta razão, a madeira de coníferas é mais barata que a das árvores de madeira dura.

As árvores de madeira dura, especialmente abundantes nos trópicos, apresentam madeiras mais densas, duradouras e com menos nós que as madeiras brandas de coníferas. Além disso são mais heterogêneas, compostas por uma variedade muito maior de espécies e, portanto, de madeiras que se tornam mais difíceis de explorar: em apenas 1 km2 de floresta tropical podemos encontrar até 80 espécies diferentes de árvores, das quais umas 25 tem importância comercial. Algumas espécies de madeira dura são muito apreciadas, como o mogno ou a teca para marcenaria fina e chapas decorativas ou o greenheart e o iroko na construção. Também existem árvores de folhas grandes de climas temperados cuja madeira é muito apreciada por sua qualidade, como o carvalho, a nogueira, o bordo de açúcar (Acer saccharinum) norte – americano, etc.

Além do uso direto, a madeira e as polpas vegetais, após diferentes tratamentos mecânicos e químicos, convertem-se em papel, provavelmente um dos produtos mais importantes da exploração das florestas.

O carvão de lenha também é obtido da madeira, uma vez que tenha sido carbonizada ou incompletamente queimada em fornos especiais com pouco oxigênio, o que aumenta sua concentração em carbono e, portanto, seu valor energético. Esta técnica constitui, provavelmente, a base da indústria química madeireira mais antiga: as técnicas para preparo e uso eram conhecidas a uns 6.000 anos. O carvão de lenha era a matéria prima essencial para as indústrias metalúrgicas do mundo antigo, produzindo o desmatamento de muitas florestas européias; o sudeste da Inglaterra, que havia sido uma floresta quase impenetrável, foi particularmente explorado por este motivo. Hoje em dia estima-se que mais da metade da colheita de madeira mundial é empregada como combustível, especialmente nos países em desenvolvimento.

Da madeira também pode ser obtida uma molécula orgânica: a celulose. A partir dela fabricam-se importantes produtos de uso industrial, como fibras artificiais (acetato de celulose, éteres de celulose e nitrocelulose), películas e plásticos (como o celulóide, usado na indústria cinematográfica).

Através do corte na casca do pínus extrai-se, por sangria, o breu e a resina crua ou piche. Estes produtos eram conhecidos como “produtos navais”, já que antigamente eram utilizados para calafetar cascos e cobertas e para selar as cargas e forros das embarcações de madeira. Atualmente o que se extrai é a fração volátil da resina do pínus, a terebintina e a fração cristalizada (o colofónia), porém não para uso naval, e sim para as fábricas de papel e para a indústria química.

Tradicionalmente, os óleos vegetais, gomas e resinas têm sido utilizados na preparação de alimentos, sabonetes e perfumes, embora na atualidade tenham se convertido em produtos imprescindíveis para muitas indústrias modernas:

– Os óleos vegetais procedem das folhas ou das sementes de certas árvores, das quais são extraídos por compressão. O “óleo de palma”, por exemplo, obtém-se da planta oleícola mais importante do mundo: a palmeira oleaginosa (Alaeis guineensis), originária das zonas úmidas da África tropical e cultivada em vastas plantações da África e da península Malaia. O óleo de oliva, de grande importância econômica, extrai-se da semente da oliva (Olea europaea).

– A goma arábica é, de fato, um produto patológico vertido por árvores doentes da espécie Acacia senegal.

– Como exemplo de óleo-resina temos o olíbano e a mirra, obtidos do corte de árvores (o olíbano da Boswellia carteri e a mirra da Comniphora molmol) na Arábia e no nordeste da África, cujo valor, há 2.000 anos, era comparável ao do ouro.

A cortiça é um material impermeável, leve, imputrescível e pouco denso que obtém-se da casca dos sobreiros (Quercus suber) mediterrâneos. Por suas características é usada basicamente na indústria de rolhas, embora uma boa parte seja destinada também para formar aglomerados de cortiça para a fabricação de tábuas isolantes térmicos ou acústicos. Destaca-se que as primeiras árvores com os quais se aplicaram técnicas de gestão florestal na Espanha foram os sobreiros, em 1760.

O bambu é um nome genérico que engloba um grupo de gramíneas (plantas herbáceas) que podem alcançar grande tamanho (até 20 m de altura) e formar grandes florestas em regiões tropicais e subtropicais. Trata-se de um material extraordinário: é leve, oco, flexível e robusto, podendo aplicar-se a múltiplos usos: para a construção de móveis, como material de construção de moradias ou de embarcações, como matéria prima de cestos ou instrumentos musicais, etc.

A borracha é outro produto das florestas muito valorizado. A borracha procede do látex, um líquido leitoso e gomoso obtido sangrando, através de cortes superficiais aplicados ao tronco, várias espécies de árvores tropicais. Na realidade, apenas uma árvore é explorada como produtora de látex, a Hevea brasiliensis, originária da bacia do Amazonas, porém com presença majoritária no sudeste asiático. O látex pode ser submetido a processos de vulcanização, que baseia-se em seu aquecimento com enxofre para criar ligações químicas estabilizadoras entre as moléculas; a partir desses processos são produzidos artigos de borracha (mangueiras, artigos para o lar, bolsas, sapatos, pisos, etc.) e, sobretudo, pneus, que representam as três quintas partes de todo o látex (natural e sintético) consumido nos países industrializados.

Outro produto das plantas e árvores das florestas são as fibras naturais (embora sejam menos conhecidas que as fibras naturais procedentes de cultivos como o algodão ou o linho). Da casca de determinadas árvores, o baobá (Adansonia digitata) africano ou a amoreira japonesa (Broussonetia papyrifera), pode-se extrair fibras, consumidas em nível local para a fabricação de cordas e outros utilitários. As fibras extraídas dos pecíolos foliáceos das palmeiras também são utilizadas na fabricação de pincéis e escovas. Outro exemplo é o de uma planta muito conhecida: o coqueiro (Cocos nucifera), que proporciona fibras através da cobertura de sua semente, o coco; na Índia e no Sri Lanka utiliza-se este material para fabricar tapetes, cordame, colchões e outros produtos.

Outro produto com um amplo mercado são os corantes, extraídos de milhares de espécies de plantas para a produção de tinturas. Os taninos são moléculas químicas compostas de carbono, hidrogênio e oxigênio; presente nas folhas, frutos, madeira e raízes de inúmeras plantas, que são muito usadas na indústria de curtume, embora atualmente estejam sendo substituídos por produtos sintéticos.

O mundo ocidental já não depende dos produtos da floresta para sua alimentação. Porém, em algumas zonas, como nos trópicos, a floresta constitui uma importante fonte de alimentos. É especialmente interessante o caso dos frutos duros, ricos em óleos e proteínas; alguns dos mais apreciados são o coco, a castanha do Pará (Bertholletia excelsa) e o caju (Anacardium occidentale). Por outro lado, muitos dos frutos hoje em dia cultivados, como a banana, o morango, a amora e a laranja, procedem de plantas ou árvores de florestas.

A floresta também é uma fonte de substâncias químicas e produtos de utilidade médica. Por exemplo, nas florestas sul-americanas, o botânico espanhol do século XVIII, José Celestino Mutis descobriu as propriedades antimaláricas da casca da árvore da quina (Cinchona condaminea). Outro caso é o da Chondodendron tomentosum, uma planta trepadeira da floresta brasileira da qual se extrai o curare, originariamente utilizado pelos índios para envenenar suas flechas, porém utilizado como anestésico em operações cirúrgicas. Atualmente, a indústria farmacêutica mundial está pesquisando os produtos das florestas tropicais, buscando novos fármacos para combater as doenças da humanidade.

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