Análise do desperdício de lixo no âmbito no Município de Gaspar/SC

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INTRODUÇÃO

É correto afirmar que a palavra “lixo” encontra-se presente diariamente em nossas vidas. Pois, na rotina, seja ela pessoal ou profissional, todo descarte vira “lixo”. Porém, vale destacar que o “lixo” no âmbito público merece um tratamento todo especial, pois o mesmo está intimamente atrelado com as condições de saúde da população, bem como com a preservação do meio ambiente.

Assim, mediante o conhecimento adquirido no Curso Online “Gestão de Resíduos Urbanos”, bem como em experiências “in loco” adquiridas no processo de coleta de resíduos do Município, relata-se o presente trabalho, mediante uma análise formada sobre o desperdício do lixo.

Não bastasse isto, é de se salientar, a fim de propiciar a plausível justificativa da importância e da necessidade deste trabalho, a constatação de que os aterros (atualmente forma mais utilizada para a destinação final) estão plenamente argolados e, que um altíssimo percentual do lixo gerado necessariamente não precisaria ser enviado aos aterros.

Todo o referido conhecimento obtido com o presente estudo tem relevância para futuras ações a serem desenvolvidas no Departamento de Resíduos Sólidos do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto – SAMAE, órgão responsável pela coleta, transporte e destinação final dos resíduos orgânicos e recicláveis do Município de Gaspar/SC.

O trabalho está construído de maneira estruturada, seguindo primeiramente com a presente introdução plausível, após com discussão e fundamentação teórica incorporando assuntos pertinentes ao tema. Encerra-se com a conclusão e referências bibliográficas da presente pesquisa.

DISCUSSÃO E REFERENCIAL TEÓRICO

O cenário do desperdício de materiais que não são considerados lixo é lamentável, com estudos apontando para uma quantidade maior que 50% de lixo que não precisaria ser enviada para os lixões ou aterros. Neste contexto, o presente projeto irá tratar de experiências vivenciadas “in loco” durante trabalho realizado ao final do ano de 2009, exercendo a função de coletador de lixo nas casas na cidade de Gaspar/SC, local onde se desenvolverá o projeto em questão.

Convém evidenciar que a função de coletador de lixos foi exercida após problemas com a coleta em algumas localidades onde o caminhão do lixo orgânico não passava a mais de 10 dias, ocasionando um acúmulo grande de material. Esta quantidade elevada de lixo acumulada ocorreu devido a problemas com o caminhão da coleta seletiva, que também não estava realizando as rotas; juntamente com o excesso de alimentos jogados fora e materiais inservíveis depositados em frente às casas após a limpeza geral e as festas do final de ano, eventos costumeiros na localidade.

Registra-se ainda que esta não é uma situação exclusiva da cidade de Gaspar/SC, pois em todo o território brasileiro existe muito lixo que não é lixo, onde as pessoas simplesmente descartam esses materiais sem se preocuparem com o destino que será dado, como também sem saber qual é o custo financeiro e ambiental para esse procedimento.

No Brasil e em muitos dos países do chamado Terceiro Mundo, o lixo domiciliar urbano é composto principalmente por materiais orgânicos biodegradáveis ou compostáveis – cerca de 65% do total. Outra parte importante desses resíduos constitui-se de materiais recicláveis – papel, metal, vidro e plástico – que compõem aproximadamente 25 a 30% do peso total do lixo[…] (IBAM, 2001, pág.?).

Como muito dos materiais que vão para os aterros não são lixo, esses espaços especiais para a disposição final são rapidamente ocupados pelo material recolhido nas casas e no comércio dos municípios. Sendo assim, é primordial que existam formas de educar e conscientizar a população, para que esta repense a maneira como consome e descarta os materiais de consumo. Diminuir o lixo gerado não significa necessariamente que seremos obrigados a consumir menos, mas a idéia de consumo desenfreada é agravante de um problema já anunciado; em breve teremos que explorar outras áreas para depositar o lixo gerado e, num ciclo vicioso estaremos em meio aos rejeitos produzidos do nosso ideal consumista. Entende-se então que é possível consumir com moderação, onde o próximo passo é reciclar, reintegrando essa matéria prima na cadeia produtiva.

Segundo Abreu (2001, pág. 27) “os programas de coleta seletiva não devem, portanto, ter como objetivo apenas coletar os materiais com a meta “quanto mais recicláveis melhor”, mas sim reduzir o consumo e o desperdício para ter o resultado “quanto menos lixo, melhor”.

Apesar do pensamento de Maria de Fátima Abreu estar correto, a reciclagem é uma maneira imediata de diminuir a quantidade de resíduos levados aos aterros, enquanto uma campanha de redução de consumo deve ser paralelamente trabalhada com a sociedade. Vale ressaltar que muitas das embalagens e materiais que são tidos como recicláveis podem ainda ser utilizados de maneira criativa através da reutilização do material, um ganho para o consumidor e para a sociedade como um todo.

O crescimento populacional, somados aos crescentes avanços da tecnologia, tem provocado uma demanda de bens de consumo, gerando um aumento significativo de produtos descartáveis, uma concentração exacerbada de resíduos sólidos e consequentemente uma degradação do meio ambiente. (FUÃO; ROCHA, 2008, p.69).

Na experiência vivenciada no final do ano de 2009 foi possível perceber claramente como as residências geram quantidade exorbitante de lixo. Identificou-se em varias localidades que os alimentos dispensados ou estragados são a parte que mais pesa na quantidade de lixo gerada, existindo ainda muitas pessoas que não fazem a coleta seletiva e acabam misturando produtos recicláveis com resíduos orgânicos, aumentando em muito o volume de lixo.

Como o relatado inicialmente, destaque-se a observação também da grande quantidade de materiais inservíveis depositados em frente às casas, tais como: quadros, móveis, latas de tintas, etc. Materiais estes, provenientes da costumeira faxina geral realizada às vésperas das festas de fim de ano.

No dizer sempre expressivo de Fuão e Rocha (2008, p.102), temos que:

Os resíduos sólidos possuem uma grande heterogeneidade pois variam de acordo com as características das populações geradoras. A sua geração depende de vários fatores culturais, renda e padrões de vida, ou seja, os resíduos diferem de composição conforme os hábitos e padrões das comunidades geradoras; mudanças climáticas e sazonais (datas festivas, feriados), assim como gênero, idade, mudanças políticas e poder aquisitivo, dos grupos populacionais.

Impressionante se faz a observação em comunidades mais carentes, onde as pessoas são mais pobres, é justamente onde a maior quantidade de lixo orgânico é gerada, principalmente restos de alimentos. Na maioria não existe a classificação de recicláveis, tudo é jogado fora, ação que degrada ainda mais o ambiente, já que o material orgânico se decompõe facilmente, diferente dos plásticos e outras embalagens recicláveis.

Os índices de desperdício de alimentos no Brasil, um país com 46 milhões de famintos, batem recordes mundiais. Estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Centro de Agroindústria de Alimentos mostra que o brasileiro joga fora mais do que aquilo que come. Em hortaliças, por exemplo, o total anual de desperdício é de 37 quilos por habitante. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, nas dez maiores capitais do Brasil, o cidadão consome 35 quilos de
alimentos ao ano – dois a menos do que o total que joga no lixo. ‘‘Num país com tantos famintos como é o Brasil, esse desperdício é inadmissível’’, avalia o químico industrial e responsável pela pesquisa, Antônio Gomes (www.consciencia.net/2003/09/06/comida.html acessado 11/02/2010).

Portanto, repensar nossas atitudes pode fazer grande diferença e um pouco de esclarecimento também é necessário, a seguir uma receita simples de fazer com um rejeito que a maioria das pessoas joga fora que é a casca da banana.

Bolo de Casca de Banana


Valor Calórico da porção: 224,68 Kcal
Rendimento: 20 porções
Tempo de preparo: 1h10min
Ingredientes
Massa: Casca de banana 4 unidades
Ovo 2 unidades
Leite 2 xícaras (chá)
Margarina 2 colheres (sopa)
Açúcar 3 xícaras (chá)
Farinha de rosca 3 xícaras (chá)
Fermento em pó 1 colher (sopa)
Cobertura: Açúcar ¨ 1/2 xícara (chá)
Água 1 1/2 xícara (chá)
Banana 4 unidades
Limão 1/2 unidade

Como fazer

Lave as bananas e descasque. Separe 4 xícaras de casca para fazer a massa. Bata as claras em neve e reserve na geladeira. Bata no liquidificador as gemas, o leite, a margarina, o açúcar e as cascas de banana. Despeje a mistura numa vasilha e acrescente a farinha de rosca. Mexa bem. Por último, misture delicadamente as claras em neve e o fermento. Despeje em uma assadeira untada com margarina e farinha. Leve ao forno médio pré-aquecido por 40 minutos. Para a cobertura, queime o açúcar em uma panela e junte a água, fazendo um caramelo. Acrescente as bananas cortadas em rodelas e o suco de limão. Cozinhe. Cubra o bolo ainda quente.
Dica: Banana é rica em potássio. Fonte: Sesi-São Paulo
(http://www.consciencia.net/2003/09/06/comida.html acessado 11/02/2010).

Esta é meramente uma receita simples onde se reaproveita um alimento rico e nutritivo. Nesta perspectiva, se a idéia da diminuição do desperdício começar pelos alimentos que são jogados fora, teremos uma redução de cerca de 35% do que vai para os aterros, um passo grande para um país com tantas desigualdades sociais. Assim, reutilização e reciclagem devem acompanhar lado a lado essa maneira inovadora de pensamento e todos seremos beneficiados com isso, inclusive as gerações futuras.

No tocante, precisamos abrir nossos olhos sobre a questão do desperdício. Cada pessoa pode contribuir dentro de sua casa para gerar menos lixo, é economia do próprio dinheiro. Desperdiçamos comida pagamos para adquirir e pagamos também para que nossos rejeitos sejam levados embora, custo esse que inclui coleta, transporte e destinação. Mesmo que a destinação seja realizada de uma maneira teoricamente correta, teremos um passivo ambiental que ficará estocado por décadas. Portanto, somos responsáveis diretos dos impactos ambientais causados por nosso lixo. Com a falta de estratégias para diminuir a quantidade de lixo, a tendência é pagar cada vez mais caro para dispor esse material. Além da parte de economia, o desperdício jogado no lixo tem um agravante social, pois vivemos num país de milhões de famintos.

Para tanto, é primordial o trabalho contínuo e crescente para conscientizar a população de sua responsabilidade e de importância enquanto geradores de lixo, incorporando valores quanto à diminuição na geração de lixo (redução), quanto à reciclagem e quanto à reutilização do mesmo.

CONCLUSÃO

O objetivo principal nesta pesquisa foi de analisar experiências “in loco” adquiridas no processo de coleta de resíduos do Município de Gaspar/SC, sobre o desperdício do lixo. Convém, por oportuno, ressaltar que foi através dos conhecimentos adquiridos nesta experiência bem como, no curso Curso Online “Gestão de Resíduos Urbanos”, que surgiu a possibilidade de se analisar o desperdício do lixo gerado e coletado, além de propor futuras ações a serem desenvolvidas para redução, reciclagem e reutilização do mesmo.

Mediante análise exposta, verifica-se que o desperdício agride ambientalmente e socialmente a população, enquanto ações de conscientização não forem implantadas o problema do desperdício será assunto constante em discussões ambientais.

Nesta linha, sugere-se como ação campanhas sobre a importância da utilização dos 3 R’s, quais sejam redução, reciclagem e reutilização, bem como realização da compostagem, alternativa importante para se dar um destino a resíduos orgânicos como restos de alimentos, transformando em adubo.

A compostagem e a reciclagem são meios eficientes de diminuição do total de lixo produzido, por isso propõe-se a intensificação de campanhas de conscientização no Município de estudo (Gaspar/SC), com a entrega de “folder” explicativo e trabalhando diretamente de forma lúdica com as crianças das escolas municipais e estaduais. As crianças e os adolescentes são ideais para se trabalhar e alcançar, pois já tem uma idéia maior de responsabilidade ambiental, além de serem formadores de opinião em suas casas.

Com esse trabalho de conscientização esperamos diminuir a quantidade de lixo gerado no Município de 1.100 toneladas por mês para 900 ton./mês, que seria um número mais aceitável para uma população de 55.000 habitantes.

Dessa forma, muito temos a fazer para alcançar objetivos significativos e o trabalho de conscientização deve ser permanente, pois, no ritmo em que o processo se apresenta, logo estaremos com o aterro onde atualmente é depositado o lixo de Gaspar/SC com sua capacidade máxima atingida e, a busca por novas áreas demanda custos altíssimos e um impacto ambiental muito forte. Sendo assim, se conseguirmos atingir a meta de redução do material coletado consequentemente conseguiremos aumentar a vida útil do aterro, direcionando a população para ações mais coerentes e responsáveis para com o meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, Maria de Fátima. Do lixo à cidadania – estratégias para a ação. 2.ed. Brasília: Caixa, 2001.

FUÃO, Fernando Freitas; ROCHA, Eduardo (organizadores). Galpões de reciclagem e a universidade. Pelotas: UFPEL, 2008.

http://www.consciencia.net/2003/09/06/comida.html acessado 11/02/2010.

Autor: Daniel Fernando Cardoso

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