A Constituição Federal, ao consagrar o Meio Ambiente ecologicamente equilibrado como um direito do cidadão, estabelece vínculo entre qualidade ambiental e cidadania. Para garantir a efetividade desse direito, a Carta Magna determina como uma das obrigações do Poder Público à promoção da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública.
Para a educação foi dada à incumbência de ser o agente de mudanças desejáveis na sociedade, e a ela se acoplaram às educações: sexual; antidroga; para o trânsito; para a saúde; higiene, AMBIENTAL e outros. Dentre elas, nenhuma tem um apelo tão premente e globalizador quanto a Educação Ambiental, mesmo porque, pela sua própria natureza integradora, permeia várias áreas, e também desencadeia um efeito muitíssimo devastador quando falha no seu objetivo de desenvolvimento da consciência crítica, pela sociedade, em relação à problemática ambiental e aos seus aspectos socioculturais, econômicos, políticos, científicos, tecnológicos, ecológicos e éticos. “Na verdade, existe a Educação, e esta, quando fiel à sua natureza integradora, incluiria tudo”.
Existe hoje certa confusão conceitual, não só no que diz respeito ao ensino de ecologia e da Educação Ambiental, bem como no que se refere ao profissional da ecologia – ecólogo – e ao militante político – ecologista. Isto ocorre, ainda, em relação ao termo meio ambiente que, por sua vez, nos remete à Educação Ambiental. O termo meio ambiente está constantemente presente nos meios de comunicação de massa, no discurso dos políticos e dos militantes verdes, nos livros didáticos, nas artes plásticas, na música, no cinema, no teatro entre outros.
Atualmente a Educação Ambiental assume um caráter mais realista, buscando um equilíbrio entre o homem e o meio ambiente, visando à construção de um futuro pensado e vivido, numa lógica de progresso e desenvolvimento, por isso é preciso uma mudança no comportamento do humano em relação ao meio ambiente.
A Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. Com essa diretriz, os sistemas de ensino tem obrigação legal de promover oficialmente a pratica de Educação Ambiental (MEC, 2001, p. 15).
A Educação Ambiental tem como objetivo levar os indivíduos e os grupos associados a tomarem consciência do meio ambiente global, e de problemas conexos, e de se mostrarem sensíveis. Isto significa que a Educação Ambiental deve procurar chamar a atenção para os problemas planetários que afetam a todos, pois a camada de ozônio, o desmatamento da Amazônia, as armas nucleares, o desaparecimento de culturas milenares e outros são questões só aparentemente distantes da realidade dos alunos.
A escola é o espaço social e o local onde o aluno dará seqüência ao seu processo de socialização. O que nela se faz, se diz e se valoriza representa um exemplo daquilo que a sociedade deseja e aprova. Comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis assim como na comunidade onde vivem.
Diante de um processo de implementação efetiva da Educação Ambiental nas escolas, evidentemente, posicionamo-nos por um que não seja hierárquico, agressivo, competitivo e exclusivista, mas que seja levado adiante fundamentado pela cooperação, participação e pela geração de autonomia dos atores envolvidos.
Projetos impostos por pequenos grupos ou atividades isoladas, gerenciadas por apenas alguns indivíduos da comunidade escolar – como um projeto de coleta seletiva no qual a única participação dos discentes seja jogar o lixo em latões separados, envolvendo apenas um professor coordenador – não são capazes de produzir a mudança de mentalidade necessária para que a atitude de reduzir o consumo, reutilizar e reciclar resíduos sólidos se estabeleça e transcenda para além do ambiente escolar. Portanto, deve-se buscar alternativas que promovam uma contínua reflexão que culmine na metanóia (mudança de mentalidade); apenas dessa forma, conseguiremos implementar, em nossas escolas, a verdadeira Educação Ambiental, com atividades e projetos não meramente ilustrativos, mas fruto da ânsia de toda a comunidade escolar em construir um futuro no qual possamos viver em um ambiente equilibrado, em harmonia com o meio, com os outros seres vivos e com nossos semelhantes.O professor precisa ter um bom nível de conhecimento das estratégias didáticas e métodos de ensino que fazem com que um conteúdo complexo seja compreensível e interessante para os estudantes e que promovam um desenvolvimento conceitual do conteúdo e das estruturas mentais do aluno ao mesmo tempo proporcionando o desenvolvimento integral dos alunos e o exercício prático da cidadania.A Educação Ambiental busca a construção da consciência de que precisamos viver em um mundo diferente, transformador, harmônico, eqüitativo. O trabalho do professor não deve se imitar ao puro raciocínio lógico formal, nem a transmissão dos conteúdos programáticos. O trabalho não precisa ser feito de forma rígida e normativa para ser levado a sério, ele pode ser feito por meio de prática e atividades que envolvam os alunos a participarem.
A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político, baseado em valores para a transformação social. A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e inter-relações em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico. Aspectos primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao meio ambiente tais como população, saúde, paz, direitos humanos, democracia, fome, degradação da flora e fauna devem ser abordados dessa maneira.
É desejável que a comunidade escolar possa refletir conjuntamente sobre o trabalho com o meio ambiente, sobre os objetivos que se pretende atingir sobre as formas de conseguir isso, esclarecendo o papel de cada um nessa tarefa. O convívio escolar é decisivo na aprendizagem de valores sociais e o ambiente escolar é o espaço de atualização mais imediato para os alunos.
A educação ambiental ressalta as regularidades, e busca manter o respeito pelos diferentes ecossistemas e culturas humanas do planeta Terra. O dever de reconhecer as semelhanças globais, enquanto se interagem efetivamente com as especificidades locais, é resumido no seguinte lema: Pensar globalmente, agir localmente.
A chave para o desenvolvimento é a participação, a organização, a educação e o fortalecimento das pessoas. O desenvolvimento sustentável não é centrado na produção, e sim nas pessoas. Deve ser apropriado não só aos recursos e ao meio ambiente, mas também à cultura, história e sistemas sociais do local onde ele ocorre.
Autora: Cristiane Ermandina de Freitas
Categoria: cidadania e meio ambiente