Educação ambiental para a Sustentabilidade

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Uma prática corporativa fundamental numa concessionária de energia elétrica

CONTEXTUALIZAÇÃO
Apesar do Meio Ambiente ser entendido, muitas vezes, como o conjunto dos recursos naturais e suas inter-relações com os seres vivos, é comum este conceito ser associado apenas à flora ou fauna, particularmente a vida selvagem. Com isso esquecemos dos recursos hídricos, das questões pertinentes a poluição do ar e, ainda, focamos como segundo plano, o meio ambiente urbano. Muitas vezes, não consideramos que o Homem faz parte deste ecossistema.

O Artigo 225, da Constituição Federal de 1988, inclui na extensiva declaração de direitos e deveres individuais e coletivos, o direito de todos a um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Portanto, é o Homem, o ser humano, não só como indivíduo, mas como humanidade, o sujeito do direito ao meio ambiente sadio, o que reafirma o conceito antropocêntrico. Proteger o meio ambiente não significa impedir o desenvolvimento, nem se defende um desenvolvimento predatório. O que se faz necessário é promover o desenvolvimento em harmonia com o meio ambiente, que é o que muitos de nós tentamos fazer.

No contexto de uma empresa que constroe, opera e mantêm usinas hidrelétricas e termelétricas, subestações e linhas de transmissão onde a excelência operacional e a capacidade técnica de sua equipe são os elementos de diferencial competitivo, torna-se de fundamental importância a implementação de um programa corporativo de educação ambiental, destinada a toda força de trabalho, isto é, ao quadro funcional próprio, estagiários e contratados.

Especificamente, no ambiente da geradora de energia elétrica o valor:preservação do meio ambiente está presente, é o que apontou pesquisas realizadas, na empresa,onde busca identificar quais os valores essenciais que permeiam a organização. Desde a década de 80, quando da construção de uma de suas usinas hidrelétricas no rio Iguaçu, pioneiramente e antecipando-se a legislação, a empresa elaborou o primeiro Estudo de Impacto Ambiental – EIA e o Relatório dos Impactos Ambientais – RIMA ligado a hidrelétrica no Brasi.
A CONSTRUÇÃO DO PROGRAMA
Da elaboração e implementação do Programa Básico Ambiental, ligado a cada um dos empreendimentos, originários dos RIMAs, centenas de projetos e iniciativas foram inseridos nas comunidades lindeiras, com a característica de condicionantes ambientais. Hoje, após 20 anos do primeiro EIA/RIMA julgamos que a empresa esteja madura e necessite ampliar a consciência ambiental junto aos processos, desde os mais simples até os mais complexos. Objetivos do Milênio, Pacto Global, SGA, ISO 14.000, AA1000, GRI, entre outras, são siglas que fazem parte do dia-a-dia dos empregados da Empresa.

A definição das Políticas de sustentabilidade e cidadania corporativa foi outro marco importante nesse processo educativo corporativo.

Desta forma, fundamentada nas recomendações para a Educação Ambiental, com ênfase nas recomendações de nº14 a 16, estabelecidas na Conferência de Tbilisi, propomos a construção de um pré-projeto que visa à implementação de um Programa Corporativo de Educação Ambiental para a Sustentabilidade da empresa.

O processo educativo deverá ser orientado para a resolução dos problemas concretos das questões ambientais, que surjam nas atividades cotidianas e pretende que os empregados percebam seu papel e responsabilidades individuais e coletivas.

O Programa adota alguns pontos de atenção que alinham-se ao pensamento adotado na conferência, são eles:
* ser um processo dinâmico integrativo e participativo: um processo permanente no qual os empregados tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experiências e a motivação que os torna aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais;
* Ser transformador: possibilitando a aquisição de conhecimentos e habilidades capazes de induzir mudanças de atitudes. Objetiva a construção de uma nova visão das relações do homem com o seu meio e a adoção de novas posturas individuais e coletivas em relação ao ambiente, inclusive urbano. A consolidação de novos valores, conhecimentos, habilidades e atitudes refletirão na implantação de uma nova ordem ambientalmente sustentável.
* Ser abrangente: extrapolando as atividades/processos internos da empresa; sensibilizando a pratica de voluntariado.

Objetivo geral do Programa
Possibilitar aos empregados a reflexão sobre os princípios essências, a aquisição de referenciais cognitivos, através de temas apontados como relevantes e, assim, contribuir para a construção de sociedades sustentáveis e eqüitativas ou socialmente justas e ecologicamente equilibradas, gerando mudanças que levem a melhoria da qualidade de vida e a uma maior consciência de seu papel.

Objetivos específicos:
1. Apresentar conhecimentos que promovam aos empregados da Empresa a compreensão da natureza do ambiente onde está inserido.

2. Provocar reflexões e reconstrução de valores no que diz respeito ao relacionamento do homem com a natureza, compatibilizando com as interações sociais e econômicas cotidianas.

3. Conduzir os empregados a uma percepção de seu papel e de sua responsabilidade pelas gerações presentes e futuras, sensibilizando-os a atuarem de forma mais ética na construção de uma sociedade sustentável.

Metodologia:
Buscando a promoção simultânea de conhecimento e de mudanças de atitudes e habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade de vida no planeta, utilizaremos técnicas de exposição de temas, diálogos em grupos, debates, dinâmica de grupos, reflexões e exploração de ambientes locais.

Temas relevantes: os temas associados às referências cognitivas buscam a
branger os aspectos do saber, do fazer e do ser (respectivamente – conhecimentos, habilidades e atitudes),são eles:

a.Pensamento sistêmico: Possibilitar aos participantes perceber a nova visão da realidade da vida e os novos conceitos, utilizando a percepção e as conexões existentes. Levá-los a reflexão sobre os paradigmas mecanicistas e de visão de mundo ecológico, numa abordagem sistêmica da vida, reconhecendo que os problemas estão interligados e que há necessidade de um novo olhar.

b.Consumo crítico consciente – Sensibilizar os participantes sobre o seu papel de consumidor consciente, fornecendo ferramentas para a tomada de decisão quando de suas escolhas cotidianas, seja na forma como consome recursos naturais, produtos e serviços, seja pela escolha das empresas das quais vai comprar, em função de sua responsabilidade social e, ainda, fornecer dicas sobre como pode colaborar para uma sociedade mais sustentável e justa.

c.Ciclos da natureza – Propiciar uma reflexão sobre a interpedendência existe na natureza. Analisar os diversos sistemas de vida. Reconhecer o respeito existente pelos diferentes ecossistemas e culturas humanas. Contextualizar nossa situação ambiental a nível planetário numa visão de rede / de interdependência.

d.Valores – Dialogar sobre os valores que permeiam a melhoria de vida da humanidade, entre eles: a ética, a cooperação, a participação, a solidariedade, a autonomia, o respeito a diversidade, a tolerância. Possibilitar momentos de reflexão e análise sobre as condutas, critérios e comportamentos adotados na sociedade, tendo como diretriz a sustentabilidade do planeta e sensibilizá-los quanto à necessidade de fazer uma re-ligação com o seu meio natural e um novo olhar para o Outro.

e.Legislação ambiental – Fornecer aos participantes informações sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e enfatizar as legislações ambientais referente a crimes ambientais, subsidiando-os no trato das questões cotidianas, tanto profissionais como pessoais.

f.Ecossistemas Brasil e Antropologia Homem Social -Propiciar aos participantes uma visão sistêmica dos ecossistemas existentes no Brasil, destacando a bacia do rio Iguaçu, os aspectos sociais da região, correlacionando-os aos empreendimentos de geração da empresa.
Atividades: estão previstos a realização de workshop, construção de murais nos diversos polos focando, principalmente, aspectos da crise atual, divulgação de artigos e notícias utilizando-se dos instrumentos de comunicação da empresa, celebração de datas do calendário ecológico nas várias regionais, atividade de vídeo-reflexão e o incentivo ao voluntariado.

Avaliação – as estratégicas de avaliação do processo de educação ambiental constituirão de várias ferramentas:

a) uma pesquisa com os empregados sobre quais os comportamentos e atitudes utilizados no trato das questões ambientais do dia-a-dia e quais os conhecimentos dominados(antes do início da implementação do programa),

b) as avaliações de reação em cada um dos eventos;

c) uma pesquisa sobre as mudanças de comportamentos e nos processos produtivos após 90 dias da primeira participação.
Outras formas de mensurações:

d) melhoria dos indicadores de sustentabilidade (dados coletados anualmente que compõe o GRI- Global Reporting Initiative’s )
e) resultado da pesquisa sobre quais os valores presentes na empresa, realizada anualmente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acreditamos que o Programa possibilitará à força de trabalho da empresa a ampliação da perspectiva de seu papel crítico como ator, a decodificação da realidade, da problematização, contribuindo e forma mais efetiva no ambiente, valorizando as vivências, melhorando a qualidade de vida e os processos construtivos. E para a organização a melhoria dos indicadores de sustentabilidade, agora alicerçados por uma consciência mais ampla e crítica,por processos conduzidos em harmonia e equilíbrio com os aspectos ambientais, econômicos e sociais, aliado a alta tecnologia, e a adoção de novas práticas.

Autora: Rosana Aparecida Varassin Rezende

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1992.
REIGOTA, M. O que é educação ambiental. 1.ed. São Paulo: Brasiliense, 2001.
TELLES, M. Q, et. al. Vivências integradas com o meio ambiente. São Paulo: Sá Editora, 2002
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