E se as empresas soubessem o custo real de seus resíduos?

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Por Luiz Carlos Pôrto

A luta ferrenha por redução do custo de produção é uma realidade para todas as corporações. Porém, conceitos muito simples poderiam promover uma significativa mudança de mentalidade nos profissionais das empresas, permitindo agir de modo simples e direto para “turbinar” a redução de custos.

O balanço de massa é um conceito simples e óbvio (figura abaixo), mas ainda pouco utilizado na gestão de resíduos.

A massa (em kg, por exemplo) de todas as matérias-primas e insumos que entram no processo é igual à massa que sai (produtos, embalagens e resíduos).

custo dos resíduos

Analisando-se a figura acima se percebe que todos os resíduos gerados em um processo industrial são originados das matérias-primas ou insumos. Portanto, os resíduos significam perdas do processo; tanto perdas físicas quanto econômicas, pois matérias-primas e insumos não entram de graça nas empresas.

As empresas costumam definir o custo de um resíduo considerando apenas o custo de sua destinação (por exemplo, o envio para um aterro industrial). Todavia, pelo Princípio da Conservação da Massa esse resíduo é formado por matérias-primas que não foram transformadas em produto final. Portanto, o Custo Real do Resíduo é o custo da destinação final mais o custo das matérias-primas que formaram o resíduo.

Na reciclagem, a empresa geralmente recebe algum dinheiro pela venda dos resíduos. Porém isso não deve ser entendido como lucro, pois o custo da matéria-prima que originou aquele resíduo é sempre maior que o valor eventualmente pago pelo resíduo. Nunca há lucro com a reciclagem.

Vejamos o seguinte exemplo. O papel de impressão branco pode ser encaminhado para reciclagem depois de usado. No Estado de São Paulo, por exemplo, o preço pago às

 empresas é de cerca de R$ 0,40/kg. Assim, se não compreendermos o conceito de Balanço de Massa ficamos com a falsa ideia de que a venda desse resíduo trouxe um ganho econômico para a empresa. A cada quilograma vendido a empresa lucra R$ 0,40.

E se pensarmos como esse papel entrou na empresa? Ele foi comprado, obviamente. E o preço do papel de impressão novo é de cerca de R$ 8,00/kg. Portanto, não há lucro com a reciclagem. A cada quilograma de resíduo de papel vendido para reciclagem a empresa perde R$ 7,60 (R$ 8,00 – R$ 0,40). Porém, se a empresa REDUZIR o consumo de um quilograma de papel de impressão, aí ela efetivamente lucrou R$ 8,00.

O custo de uma lâmpada fluorescente usada, por exemplo, não é apenas o custo de descontaminação e reciclagem desse resíduo. É preciso somar o custo de aquisição da lâmpada.

Imaginem se as empresas soubessem o custo real de seus resíduos. Isso abriria os olhos de todos para o enorme desperdício de matérias-primas e insumos (dinheiro e recursos naturais). Quanta energia passaria a ser gasta para efetivamente minimizar a geração de resíduos. Lembrem-se da imagem abaixo e passem a contabilizar de forma diferente o custo de seus resíduos sólidos. É o primeiro passo para a efetiva minimização dos resíduos.

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