Por Antonio Carlos Teixeira*
A criação de um sistema de gestão para a sustentabilidade (GS) numa empresa ou instituição deve ser encarada como uma evolução do ser humano, um passo à frente em benefício dele próprio e das gerações futuras. Afinal, não estamos falando apenas da “floresta” que corre o risco de desaparecer ou daquele “animal” em vias de extinção, mas do meio ambiente. Onde nós vivemos. Seja ele a nossa casa, o nosso trabalho, a nossa cidade, o nosso país, o nosso Planeta.
Pensar em sustentabilidade é agir em benefício do bem comum. Suas ações devem promover a integração e a harmonia da instituição, baseadas na sinceridade dos relacionamentos (internos e externos), segurança, higiene, saúde, clareza de responsabilidades e confiança.
O compromisso
O aumento da conscientização popular e empresarial sobre a eficiência e a qualidade dos produtos e serviços reforça a importância de práticas de gestão para a sustentabilidade como forma de agregar valor institucional à empresa/instituição. A atuação dentro das organizações deve ser entendida como um círculo, onde não há princípio, meio e fim: todos – desde funcionários com responsabilidades mais simples até executivos – devem estar comprometidos com as suas práticas, pensamentos e ações. E esse “círculo virtuoso” passa, por exemplo, pelo estímulo a conceitos socioresponsáveis e pelo uso racional de água, energia, alimentos, papel, material de escritório, equipamentos eletroeletrônicos, matéria-prima, etc.
Em nível econômico, o compromisso desse tipo de gestão também pode ser analisado pela possibilidade e abertura para maior atração de novos acionistas e consumidores, que, respectivamente, só investem e consomem em empresas e produtos comprometidos com o respeito à natureza e o uso racional dos recursos naturais. Em vez de “ônus” ou “despesa”, o investimento num sistema de gestão para a sustentabilidade pode ser entendido como um compromisso da empresa/instituição com um desenvolvimento economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente saudável.
A implantação de um sistema de GS estimula a empresa/instituição a, mais do que ser “ambientalmente correta”, entender a necessidade de uma contribuição mais efetiva e participativa para as soluções que visem à conservação e preservação ambientais.
O uso da ‘força’ contra as resistências
O entendimento e a integração à idéia de implantação da GS – que pode encontrar resistências e opiniões contrárias à sua criação – podem ser estimulados pela “força”. A força da autocrítica, a força da auto-avaliação do profissional através de questionamentos, como por exemplo:
• “Porque eu trabalho?”;
• “Porque eu trabalho nesta empresa/instituição?”;
• “Em me relaciono?”;
• “Com quem eu me relaciono?”;
• “Com pessoas?”;
• “Com a fauna?”;
• “Com a flora?”;
• “Com os elementos naturais?”;
• “Quando eu viajo para o ‘campo’, gosto de tomar um bom banho naquela cachoeira limpinha e naquele rio de águas cristalinas. Mas como eu me sentiria se um dia encontrasse tudo sujo, poluído e com derramamento de esgoto?”;
• “Como eu ficaria se o gerente daquele belíssimo hotel que me hospedo há anos me dissesse que o estabelecimento está sem energia e sem água encanada e que não poderia ver tevê a cabo no meu quarto e nem tomar um bom banho quente, porque esses recursos estão esgotados?”;
• “Qual seria a minha reação ao sentar-me naquele recomendado restaurante e perceber uma goteira bem em cima da minha mesa e que as condições de higiene são as piores possíveis?”
Além de incentivar a harmonia com a natureza, a prática da gestão para a sustentabilidade contribuiria também para a redução dos riscos e a manutenção da competitividade da empresa/instituição. Ou você mergulharia no rio poluído e voltaria ao hotel sem água e energia ou ao restaurante com goteiras e sem higiene?
Um convite à reflexão
Este é um novo cenário. Um cenário no qual a qualidade virou um aspecto primordial e que está tornando cada vez mais transparente a máxima de que “meio ambiente somos todos nós.” Se agirmos localmente pensaremos globalmente em benefício da Vida. Porque se “quando todos pagam cada um desembolsa menos”, “quando todos ajudam, o ganho é coletivo.”
E se nós tornarmos “corriqueiras” essas ações em benefício do meio ambiente e da sustentabilidade (que diz respeito a todos nós), temos mais chances de estendermos essas atitudes e pensamentos a nossos clientes, fornecedores, colaboradores e à sociedade.
Um círculo virtuoso.
*Antonio Carlos Teixeira, Articulador Executivo do Instituto TerraGaia – Comunicação e Sustentabilidade – terragaia@globo.com
FOTO
Legenda: Amazônia
Crédito: Eny Miranda
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(Envolverde/Revista Plurale)