Chuva molhando a terra
Fazendo barulho
Indiferente ao sono das gentes
Correndo entre as pedras
Umedecendo a terra
Enchendo os seus olhos
Que são grandes lagos
Querendo chorar
Chuva
Chegando no rio sedento de água e de amor
Onde os peixes namoram
Os cavalos bebem
E nós navegamos nosso olhar com sede
Navegamos nessa água que é marrom
Onde os peixes não se enxergam mais para amar
E morrem
As crianças olham de latas vazias
A correnteza marrom
A água tem cheiro tem cor, tem capim, tem plástico, papel, restolhos
Em casa o feijão fica desidratado
O barulho fica mais forte no mato
É o rio chorando
Pedindo água pura para se lavar
Autora: Maria de Jesus Lopes de Oliveira