O que há de novo na discussão da temática das mudanças climáticas?

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Ainda vivemos, agora mais intensamente, um momento de conflito de posições entre os que defendem e os que contestam as bases da teoria do Aquecimento Global. Todos os dias, nas diferentes formas de mídia (muitas das vezes tendo como pano de fundo nítidas posições políticas), pode-se observar a quantidade de informações que, em síntese, massacram a cabeça do ser humano não iniciado (entenda-se a grande maioria da sociedade) em relação ao tema. Muitas informações são extremamente oportunas, outras suposições, muitas das vezes sem qualquer sustentação científica.

Como os não iniciados não conseguem perceber a diferença entre as duas situações, acabam por, gradativamente, se afastando da discussão do tema, transferindo, sem que percebam, para o segmento dito dos iniciados (pesquisadores, cientistas, ecologistas, políticos, etc.) o encaminhamento do assunto. As pesquisas já mostram os efeitos de tal contexto com muita clareza; a realizada pelo Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental/NEPA, na Região da Grande Vitória/ES (municípios de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica – cerca de 1000 entrevistas/erro de 3% e intervalo de confiança de 95%) deixa claro que a sociedade como um todo reconhece a importância do tema, porém se considera fora do processo de discussão / decisão e, ao ser levada a aprovar ou rejeitar teses corretas (fundamentadas cientificamente) e não corretas, reage, demonstram um nítido e visível desconhecimento sobre o real contexto das Mudanças Climáticas.

Os resultados da pesquisa não diferem de outras realizadas em outros grandes centros urbanos no Brasil e no exterior. Ou seja, a sociedade evidencia que prioriza o assunto e está aberta a um processo de conscientização, porém o processo que se está adotando hoje – onde em muitas das vezes vale mais o impacto do título da matéria do que a qualidade do seu conteúdo – está gerando uma ação de entropia que nos parece muito perigosa a médio e longo prazo, sobretudo se levarmos em conta que não há solução sustentável para o problema se não houver uma íntima e consciente participação da sociedade.

Porém, onde estão às origens das falhas que levam a esta realidade? São muitas. Começam nas escolas de ensino básico, fundamental, médio e médio técnico, que ainda não perceberam que meio ambiente não pode ser discutido apenas em sala de aula, dissociado da realidade, da comunidade do seu entorno, das instituições de ensino superior que ainda não perceberam a importância de gerar gestores ambientais (nas várias áreas de formação) que estejam preparados (não na qualidade de especialistas), mas, no mínimo, como atores ativos do processo ambiental) para atuar a partir de suas futuras atividades profissionais, do Poder Público que não assume, na plenitude, a sua responsabilidade de estruturar campanhas de conscientização, do segmento político que em muitas das vezes define leis totalmente dissociadas da realidade, para citar apenas algumas causas, que acabam por levar a sociedade a este processo de afastamento em relação aos assuntos ligados à temática ambiental.

Todas as citações acima ficam asseguradas nas muitas pesquisas realizadas pelo NEPA em diferentes segmentos formadores de opinião da sociedade. A quem interessa este estado de coisas? Quem ganha, quem perde com isso? Será que a tática é “pagar para ver”? Ou seja, não há muito de aspectos novos – os essenciais já são conhecidos – a serem considerados quando tratamos de assuntos como a problemática das Mudanças Climáticas. O essencial nesse momento é estar aberto aos estímulos de conscientização.

Autor: Roosevelt S. Fernandes, M. Sc. – Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental/NEPA roosevelt@ebrnet.com.br

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