“Há que considerar que à Educação Ambiental cabe a tarefa de reforçar suas funções de serviço à sociedade, e mais concretamente suas atividades encaminhadas a erradicar a pobreza, a intolerância, a violência, o analfabetismo, a fome, a degradação do meio ambiente, e as doenças. Isto implica um questionamento interdisciplinário e, melhor, transdisciplinário para analisar os problemas e as questões levantadas”.
(AMPARO, Nelcinéa Cairo do. Ética ecológica y Educación Ambiental, p. 7)
Hoje vivemos o resultado de anos de exploração contínua dos recursos naturais e da produção de toneladas de resíduos não trabalhados. Já sabemos que estamos chegando ao limite deste sistema que visa à globalização e um progresso ininterrupto. Pobreza, desigualdade social, devastações ambientais, são coisas que também foram internacionalizadas. Depois deste tempo vivendo sob as regras deste sistema sabemos que estamos caminhando para nossa própria extinção, e sabemos também que algo deve ser feito. Quem melhor do que os que são nosso futuro para pensá-lo? Por isso se faz necessário dar atenção especial à educação de nossas crianças, e que trabalhemos com elas, desde já, as conseqüências de nossas ações diárias e a importância de cuidarmos do que está ao nosso alcance.
O próprio conceito de desenvolvimento tem que ser mudado. O mundo não irá continuar se seguirmos por este caminho de tirar sem dar. Uma nova maneira de se estar no mundo vem sendo pensada, e ela enfatiza nossa relação com o meio ambiente, uma vez que é dele que tiramos a fonte de todas as nossas riquezas e do nosso sustento diário. Não podemos simplesmente mudar nossa forma de agir em relação a natureza sem mudarmos antes nossa forma de pensar em relação a ela.
O número de grupos que trabalham a questão da Educação Ambiental (a forma que temos para mudar este pensamento e mesmo os valores que temos a respeito o meio ambiente) vem aumentando, mas isso deveria se uma ação política de larga escala. O governo deveria incluir o tema na grade curricular de todas as escolas, públicas e particulares. Melhor do que incluir o tema seria incluir toda uma disciplina dedicada à questão. Uma vez que as crianças forem alertadas e aceitadas como agentes fundamentais deste processo, ocorrerá uma mudança significativa. Pois antes delas seus professores serão tocados e, a partir delas suas famílias.
Quando trabalhamos com adultos podemos dizer que estes acrescentam o que aprendem a bagagem que já traziam. Algumas vezes conseguimos mudar um conceito ou outro. Mas quando falamos de crianças é outra história, ai podemos começar a construir uma maneira de se relacionar com o conhecimento. As crianças não aprendem só conteúdos, mas também valores e constroem suas concepções de mundo.
Esta é uma questão que toca todos os seres humanos do planeta, Ricos ou pobres, o destino é o mesmo. A diferença é que os mais afortunados mascaram a situação recorrendo a recursos ainda mais degradantes como as águas engarrafadas ao invés de se tratar as águas e reciclá-las. Até porque são esses os responsáveis pelas grandes destruições.
Acho que o trabalho de conscientização é de extrema importância e se nossas crianças tiverem a oportunidade de ter uma outra relação com a natureza desde sempre, não se tornarão adultos tão negligentes como nós, e seus filhos nos olharam com curiosidade. Eles se indagarão: quem foram estas pessoas tão egocêntricas que não viam o mal que faziam a elas mesmas? Como destruíram a natureza que tudo nos dá?
Felizmente nos demos conta a tempo, e felizmente existem pessoas que já vem exercendo este trabalho. E cadê a nós, novos integrantes desta luta, multiplicarmos o conhecimento. E que nosso trabalho seja em busca da interiorização dos valores de traça, respeito e igualdade com o meio ambiente. Que um dia isto seja uma militância de todos, porque, claramente, já é para todos, pois o grupo beneficiado com o sucesso desta luta é toda a humanidade.
Autora: Diana Rodrigues Valle Milman