Autor: Adão Carlos Araújo
Já no primeiro texto do curso deparei com um assunto que gosto muito e que entendo ser da maior importância. A água doce, que atualmente já é tratado com alguma relevância mas que ainda há muito a ser feito para que as próximas gerações tenham melhores condições de vida.
“A Água doce é o líquido da vida. Sem ela não pode acontecer a vida na face da Terra.”
A frase acima resume de forma muito apropriada tudo o que vier a ser escrito ou dito sobre o tema. Sem água nada vive.
Todo o resto no planeta sem água não é nada. É pó. Parece que até hoje ainda não houve o real entendimento deste fato, nada é mais importante que a água. As plantas, os animais, o clima, tudo depende da água.
A água doce não é um recurso infinito e muito estrago tem sido feito na natureza que contribui para esgotar este recurso ou restringi-lo a certas parcelas da população em detrimento de outras menos favorecidas. A água também não esta distribuída de forma equilibrada no mundo, ou seja tem muita água onde tem pouca gente e tem muita gente onde tem pouca água e em alguns lugares do planeta a água é um recurso escasso em outros é muito mal tratada, em muitos esta poluída em outros é de difícil extração e diante destes problemas cada vez mais precisa ser preservada em todos os lugares para que possa atender a demanda.
Há estudos que mostram que as águas cobrem três quartos da superfície da Terra, no entanto mais de 97% da água do planeta é salgada e menos de 3% é doce. Desta, 77% estão congelados nos círculos polares, 22% compõem-se de águas subterrâneas e a pequena fração restante encontra-se nos lagos, rios, plantas e animais. O planeta é formado de 71% de água e apenas o restante 29% de outros compostos, portanto há quem diga que é o planeta água e não terra, no entanto conforme os dados acima a água doce é rara.
Sabemos também que nas últimas quatro décadas o consumo de água aumentou de forma muito acelerada e chega hoje a ser seis vezes maior que nos anos 70, o que faz com que o ritmo de consumo seja superior ao ciclo natural de reposição das águas.
A ONU divulga anualmente um relatório que oferece uma visão completa e atualizada sobre o estado em que se encontram os recursos hídricos nos dias de hoje. Ele classifica mais de 180 países e territórios em função da quantidade de recursos hídricos renováveis disponíveis per capita, considerando toda água encontrada na superfície ou em lençóis freáticos mais profundos. “O trabalho contou com o envolvimento de 23 parceiros da ONU que participaram da criação do Programa Mundial de Avaliação dos Recursos Hídricos [WWAP]”, conta o coordenador da área de Ciências e Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura [Unesco] no Brasil, Celso Schenkel. Foram monitorados dados relacionados à água nos campos da saúde, alimentação, ecossistemas, cidades, indústria, energia, gestão de risco, avaliação econômica, divisão de recursos e governança.
Os países e territórios mais pobres em termos de disponibilidade de água são: Kuwait [10 m³ disponíveis por pessoa a cada ano], Faixa de Gaza [52 m³], Emirados Árabes Unidos [58 m³] e Bahamas [66 m³].
Já os mais ricos em água são: Guiana Francesa [812.121 m³], Islândia [609.319 m³], Guiana [316.689 m³], Suriname [292.566 m³] e Congo [275.679 m³]. “O mínimo de água aceitável por pessoa, por ano, é de mil metros cúbicos”, conta Celso Schenkel.
O Brasil aparece em 23º lugar, com 48.314 m³ de água disponível por pessoa ao ano. “É importante lembrar que esta quantidade de água não está disponível de forma homogênea. A Amazônia, por exemplo, possui muita oferta para pouca população, enquanto no semi-árido tem pouca água para muitas pessoas”, alerta Schenkel. “Por este motivo é preciso que o governo e a sociedade se empenhem na boa gestão dos recursos hídricos”, completa. “Cerca de 40% da água tratada e distribuída para o consumo urbano no mundo, é perdida antes de chegar às torneiras. Na agricultura, o índice de água extraída e desperdiçada é ainda maior. As tecnologias de irrigação devem ser melhoradas”, aponta o coordenador.
Vários países podem chegar ao extremo de entrar em guerra por causa dos recursos hidráulicos, pois estudos indicam que o consumo mundial de água dobra a cada 20 anos. A água tem sido considerada, no final deste século, um recurso escasso e estratégico, por questão de segurança nacional e por seus valores social, econômico e ecológico (Maia Neto, 1997).
Podemos enumerar alguns países que atualmente enfrentam problemas com a falta de água, como Kuwait, Israel, Jordânia, Arábia Saudita, Líbia, Iraque, Bélgica, Argélia, Cabo Verde, Etiópia, Iraque, Hungria, México, Estados Unidos, França, Espanha e outros, ou seja, em 26 países do planeta a seca é crônica.
No Brasil, a ocorrência mais freqüente de seca reside no Nordeste, enquanto problemas sérios de abastecimento em outras regiões já são identificados e conhecidos.
Organismos internacionais como a ONU alertam para o fato de que nos próximos 25 anos cerca de 2,8 bilhões de pessoas poderão viver em regiões com extrema falta de água, inclusive para o próprio consumo e a ONU prevê que em 2050 até sete bilhões de pessoas podem enfrentar a falta de água.
Como enfrentar este problema?
Todos nós precisamos dar nossa contribuição para que a água seja um recurso disponível para as futuras gerações, ações individuais como o uso racional em casa, nas empresas fazendo reuso, na agricultura usando de forma equilibrada e buscando na tecnologia uma parceria para maximização do uso e evitar contaminações com agrotóxicos, nas cidades buscando o melhor aproveitamento, reaproveitamento das águas de chuva, tratamento adequado e reúso, tratamento de esgotos para evitar a poluição, disposição adequada dos resíduos sólidos para evitar a contaminação dos lençóis freáticos e corpos d’água.
Ética é respeito para com as futuras gerações, respeito a natureza, respeito a si próprio e a seus princípios, respeito ao que você acredita.
Bibliografia
Manual Global de Ecologia. 2.ed. São Paulo: Augustus, 1996.
MAIA NETO, R.F. Água para o desenvolvimento sustentável. A Água em Revista, Belo Horizonte, n.9,p.21-32.1997.
COSTA, W.D. & COSTA, W.D. Disponibilidades hídricas subterrâneas na Região Nordeste. A Água em Revista, Belo Horizonte, n.9,p.47-59. 1997.
CPRM (Serviço Geológico do Brasil – Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais). Água Subterrânea – Fonte Mal-Explorada no Conhecimento e na Sua Utilização. www.cprm.gov.br. 2009.