As questões ambientais vêm nas últimas décadas, despertando a atenção de diversos setores da sociedade. Com os aspectos econômicos cada vez mais presentes, o aumento da competitividade e a maior conscientização dos consumidores são fatores que não podem ser descuidados. O meio ambiente, ou melhor, uma Gestão Ambiental assume uma importância cada vez maior, podendo ser considerada uma “questão de sobrevivência da humanidade”. Neste contexto, é imprescindível considerar a variável ambiental nas decisões estratégicas, e ela passa a se constituir em oportunidade de mercado ao invés de uma barreira comercial.
SELO VERDE – uma demonstração de que, tendo o “certificado”, a organização respeita o meio ambiente
A conquista do selo significa que o ambiente certificado está dentro dos critérios que equilibram os pilares que norteiam a sustentabilidade: socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto.
Segundo DONAIRE (1995), dependendo do grau de conscientização em relação aos aspectos ambientais, o local em causa passa por três fases:
- Primeira Fase: controle ambiental nas saídas – constitui-se na instalação de equipamentos de controle da poluição nas saídas, como chaminés e redes de esgoto. Nesta fase mantém-se a estrutura produtiva existente.
- Segunda Fase: integração do controle ambiental nas práticas e processos. O princípio básico passa a ser o da prevenção da poluição, envolvendo a seleção das matérias-primas, o desenvolvimento de novos processos e produtos, o reaproveitamento da energia, a reciclagem e o tratamento de resíduos e a integração com o meio ambiente.
- Terceira Fase: integração do controle ambiental na gestão administrativa. A questão ambiental passa a ser contemplada na estrutura organizacional, interferindo no planejamento estratégico.
Esta terceira fase é denominada por D’Avignon (1996) como “Gestão Ambiental”, onde “os parâmetros relacionados ao meio ambiente passam a ser levados em conta no planejamento estratégico, no processo produtivo, na distribuição e disposição final do produto”.
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS’s), devem buscar implantar métodos e rotinas que contemplem a otimização do uso dos recursos naturais, a minimização dos impactos ambientais, a promoção de ambientes saudáveis, o planejamento de ações sustentáveis ambientalmente, a integração de projetos e obras a novas tecnologias ambientalmente mais eficientes, o controle, monitoramento e avaliação continuada de suas atividades quanto aos impactos ao ambiente e à saúde de colaboradores e usuários.
Devem os EAS’s ainda manter total transparência perante a comunidade em relação às metas que busca atingir bem como dos resultados alcançados, implementando ações de melhoria constante.
Ao contrário de alguns processos, onde o sucesso de sua implantação muitas vezes decorre de decisão e vontade inicializada pelas camadas da pirâmide hierárquica da organização, a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental somente obterá êxito quando a inicialização do processo partir do compromisso da alta administração com os preceitos ambientais e a completa vontade político-administrativa de realmente implementar um programa de gestão ambiental na organização.
Um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é um sistema administrativo combinado com atividades técnicas que tem como função primordial que a Organização alcance o melhor desempenho ambiental – a eco-eficiência – obtendo aderência às exigências legais, melhor utilização dos materiais, maior eficiência nos processos e operações produtivas com menores custos e maior produtividade.
O SGA deve contemplar todos os aspectos relativos à sustentabilidade ambiental, incluindo o binômio Ambiente-Saúde.
O quadro abaixo sintetiza as metas e resultados que devem ser atingidos como conseqüência da implantação de um Sistema de gestão Ambiental
5 MAIS QUE SÃO MENOS | |
Menos água | Mais lucro |
Menos energia | Mais competitividade |
Menos matéria prima | Mais satisfação do consumidor |
Menos lixo | Mais produtividade |
Menos poluição | Mais qualidade ambiental |
Fonte: SEBRAE
O ambiente Hospitalar é cada vez mais, multidisciplinar, onde estão presentes várias aspectos das ciências, vários processos técnico-administrativos, sobretudo com vistas a gerenciar possíveis ameaças ao meio ambiente, tanto interna quanto externamente.
Podem-se Identificar algumas, entre outras, ameaças que compõem toda a dinâmica HOSPITALAR:
- contaminação dos alimentos,
- invasões biológicas,
- prejuízos à biodiversidade,
- poluição do ar,
- falta d’água,
- descarte e tratamento do lixo,
- etc.
1.1. CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS
O crescimento da utilização de produtos químicos na agricultura, como fertilizantes e pesticidas.
Vale destacar que a utilização destes produtos químicos, além de contaminar os campos, lençóis freáticos e os alimentos, provoca mutações nas pragas que pretendem eliminar, pois em seu processo de evolução natural, as novas gerações de pragas elaboram defesas contra os produtos tóxicos aos seus organismos ou seja, a própria indústria que pretende “defender” o ser humano das pragas na produção de alimentos, cria novas pragas ainda mais poderosas.
Por isso o controle dos alimentos presentes na área hospitalar deve ser monitorada, controlada e rastreada. Alimenta-se o paciente, usuário, e funcionários que em média podemos dizer que um Hospital com 1200 leitos servem-se no mínimo 3000 refeições e lanches/dia, sem considerar as alimentações especiais e especificas para os pacientes, que no mínimo e da ordem de 2000/dia.
1.2. INVASÕES BIOLÓGICAS
O homem leva e traz organismos de um lado para o outro, alterando o ciclo vital de diferentes espécimes. A exemplo dos mexilhões zebras da China que, levados por cascos dos navios , acabaram por invadir os lagos e rios de outras paragens. E por não ter inimigos naturais naquele meio, desequilibram o meio-ambiente e proliferaram-se em demasia, entupindo canos e causando “bilhões de dólares de prejuízo”.
Considerando os resíduos hospitalares, uma fonte orgânica e uma agreção química, devemos observar o ciclo vital dos organismos naturais com monitorização, preservação e controle.
1.3. PERDA DE BIODIVERSIDADE
Pela interferência do homem por conta de um novo empreendimento.
Um Hospital precisa considerar essas interferências em seus projetos e reformas dos ambientes, com a consciência voltada ao meio ambiente: desmatamento, uso racional da água, da energia, ambos buscando alternativas, etc.
1.4. POLUIÇÃO DO AR
Desde a 1ª Revolução Industrial a nuvem de poluição do ar ronda os seres humanos. Vapores tóxicos, chuva ácida, enxofre, monóxido de carbono, problemas respiratórios, dores de cabeça, são conceitos já muito conhecidos pela população das grandes cidades. A busca pela qualidade de vida, com a fuga das cidades poluídas, é para quem pode e não para quem precisa. Cidades litorâneas, mais bem ventiladas, têm atraído um êxodo dos ricos, que trabalham nas megas cidades, como São Paulo e Pequim.
Na área Hospitalar, era muito difundido o uso de caldeiras a vapor como alternativa de aquecimento, mas hoje felizmente esse recurso é cada vez menos utilizado, sendo praticamente abolido o seu uso, sendo substituído, com vantagem, por células solares. Mas com certeza o uso de qualquer produto ou meio produtivo que agrida o ar deva ser controlado, monitorado ou substituído por produtos alternativos.
1.5. FALTA DE ÁGUA
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/meio_ambiente_brasil/agua/
A importância da água para o ser humano vai muito além do banho.
A erosão e o uso inadequado estão secando alguns dos principais rios do planeta. A ordem é combater o desperdício, utilizando a água de forma racional. Apesar de a Terra ser composta por 2/3 de água, apenas 1% dessa água pode ser usada para o consumo humano, o restante é de água salgada ou em forma de geleiras.
Nos Hospitais a água é um elemento essencial, pois o uso dela garante a limpeza, desinfecção e o bem estar dos pacientes. Com certeza a necessidade é inevitável, entretanto devemos fazer de forma racional o seu uso: natural – da água de chuva, reutilização da água dentro do Hospital para uso especifico, etc.
1.6. LIXO – “Resíduos dos Serviços de Saúde”
Esses resíduos são causa importante de poluição de solo, ar e água em muitos países. Os aterros sanitários já estão saturados. Uma solução é a reciclagem, mas que ainda é pouco utilizada.
Com o avanço das tecnologias, a composição do lixo vem se alterando gradativamente, pois hoje pela alta competitividade global, e a grande necessidade do ser humano de lucrar cada vez mais, o que impera é o princípio da obsolescência planejada. A cultura do descartável.
Precisamos buscar soluções não descartáveis, pois é inadmissível que apenas soluções descartáveis nos permitem melhor controles de patologias e epidemias provenientes do cuidado do paciente e da população Hospital. Lembramos que um Hospital gera resíduos: químicos, sólidos, orgânicos, radioativos, etc.
Algumas iniciativas que já ocorreram:
Secretaria cria selo verde para hospitais estaduais
Iniciativa beneficiará unidades que adotarem medidas para preservação ambiental e otimização de recursos hídricos
A Secretaria Estadual da Saúde do Governo de São Paulo vai conceder um selo aos hospitais da rede estadual que adotarem medidas visando a preservação ambiental e otimização de recursos hídricos. A certificação será oferecida anualmente às unidades que implantarem ações efetivas, tais como educação ambiental para a comunidade, plantio e reflorestamento do espaço do hospital e em torno, tratamento de efluentes, coleta seletiva de lixo e reciclagem.
13 e 14/10 /2009 – II Seminário Hospitais Saudáveis – SHS 2009 São Paulo
Público-alvo: Profissionais do setor de assistência à saúde e de vigilância sanitária, gestores públicos, organizações ambientais, pesquisadores, acadêmicos e demais profissionais com interesse no assunto.
Objetivos: Promover o interesse e o envolvimento de hospitais e demais organizações de saúde com iniciativas de proteção ou preservação ambiental, responsabilidade social, saúde e segurança dos trabalhadores e pacientes, tendo como base a divulgação de iniciativas bem sucedidas e o debate sobre questões relevantes integrando abordagens científicas e práticas.
Promoção: Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo
Organização: Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, Saúde Sem Dano / Health Care Without Harm e Centro de Vigilância Sanitária – CVS/CCD/SES SP
No próximo encontro, trataremos da Gestão Ambiental em Estabelecimentos Assistências de Saúde – “o papel da Engenharia e Arquitetura nos Processos de Gestão Ambiental”
Autor: Eber Rodrigues dos Santos
Bibliografia:
1. Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
Anvisa
2. Apostila – módulo 1 – Curso de Elaboração de Projetos Ambientais
Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://www.cenedcursos.com.br
3. Manual Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos
Publicação elaborada pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM –, sob o patrocínio da Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República – SEDU/PR.
4. O selo verde: uma nova exigência internacional para as organizações
Celestina Crocetta Biazin
Universidade Estadual de Maringá
Amália Maria G. Godoy
Universidade Estadual de Maringá
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