Impacto ambiental e agricultura no Semiárido Ocidental Paraibano

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Autor: Jonildo Cordeiro Torres

Dadas as condições da região semiárida, do Cariri Ocidental Paraibano, os agricultores e pecuaristas familiares têm que utilizar os recursos naturais mais intensamente, uma vez que não encontram,na maioria dos casos,outra forma de obtenção de renda que possa garantir uma qualidade digna de subsistência para suas famílias.
As principais formas de utilização dos recursos naturais são: o uso dos recursos florestais da caatinga como matriz energética (carvão e lenha), madeira para construção de cercas e para comercialização em forma de estacas e moirões, como fonte alimentar para os animais e uso do solo e dos recursos hídricos para a produção agrícola e pecuária de subsistência com um pequeno excedente para comercializa.
A agricultura familiar no Cariri Ocidental Paraibano convive,  ao longo de sua história, com condições endafoclimáticas que limitam a produção agrícola e, sobretudo, a recuperação dos recursos naturais, uma vez degradados. Entretanto ela tem se mantido ao longo dos anos, o que evidencia a sua importância, sobretudo, para a população rural que vive na região.
No contexto do semiárido paraibano, mais precisamente no Cariri Ocidental, com uma série de limitações naturais como a falta de chuvas regulares e sua má distribuição e a produção agrícola dar-se de forma pouco intensiva em dois ambientes naturais: o ambiente de sequeiro e o ambiente que margeia os cursos temporários de águas.
No ambiente de sequeiro a produção agrícola baseia-se no cultivo de poucas culturas cruciais para a alimentação da família e facilmente comercializáveis (feijão e milho). No referido ambiente, o manejo consiste, geralmente, em sistemas pouco diversificados, na derrubada e queima da vegetação nativa, de baixa incorporação de tecnologia e com poucos cuidados com o meio ambiente.
Nos ambientes próximos aos cursos d’água, onde estão localizados os melhores solos da região (neossolos flúvicos), são cultivadas culturas destinadas à alimentação humana, principalmente para a comercialização, como a cultura do tomate, pimentão entre outras, como também a cultura de forrageiras parta alimentação animal. O manejo adotado neste ambiente difere um pouco do ambiente de sequeiro, pois uma vez desmatado, são utilizados de forma contínua, com mecanização agrícola não recomendada para a região, insumos químicos (fertilizantes e inseticidas), muitas das vezes não recomendados pelo receituário agronômico, e em algumas situações com sistemas de irrigação sem técnica nem controle de vazão hídrica, ocasionando erosão e salinização do solo. Nestes ambientes toda cobertura vegetal ciliar já fora totalmente destruída, mesmo contrariando orientações legais.
Os sistemas primitivos de produção adotados pelos agricultores desta região, refletem as potencialidades e limitações socioambientais intrínsecas de cada espaço, bem como a história local e das pessoas que os adotam. No entanto, o manejo adotado nos estabelecimentos rurais sem nenhuma prática conservacionista, contribui para a degradação dos recursos naturais tornando inviáveis os sistemas de produção adotados, requerendo uma mudança para a prática de uma agricultura que vise à conservação e/ou a recuperação da fertilidade do solo e da biodiversidade, ou seja, práticas sustentáveis de produção.
É neste contexto que as comunidades de agricultores, na maioria familiares, estão inseridas, praticando um modelo de desenvolvimento agrário tradicional, centralizado em técnicas rudimentares sem nenhuma técnica de conservação dos recursos naturais, às vezes também utilizando as técnicas preconizadas pela revolução verde, adubos e inseticidas químicos, hoje não mais recomendados, tendo em vista o impacto ambiental provocado por estes. Estas práticas predatórias propiciaram um desgaste dos recursos ambientais, gerando diminuição da capacidade produtiva do solo, poluição e assoreamento do Rio Paraíba, além dos desastres ambientais como desertificação, erosão e inundações.
O uso de práticas conservacionistas que promovam a sustentabilidade em seus vários aspectos tem que urgentemente ser implantadas nas comunidades rurícolas. Entretanto, a sua difusão é limitada, principalmente em decorrência da resistência dos agricultores à mudança, os quais seguem os costumes tradicionais sem nenhuma preocupação com a qualidade do solo e dos produtos advindos destas práticas, gerando um passivo ambiental cada vez maior a cada ano que passa.
A introdução de consórcios agroecológicos diversificados, equilibrando na mesma área a produção alimentar, a produção comercial, principalmente a irrigada e preservação da qualidade ambiental, surge como uma iniciativa particularmente oportuna neste contexto.
Seria oportuno encarar o problema ambiental exposto da seguinte forma: formação dos agricultores em bases agroecológicas de manejo e produção; instalação de áreas experimentais para testar técnicas de conservação ambiental de forma participativa; produção e plantio de mudas de espécies vegetais locais consideradas raras e que são importantes para a agricultura familiar, como o umbuzeiro; além da elaboração de um plano de manejo da vegetação nativa com vista a recuperar as áreas degradadas.

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