“A Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, objetivando a evolução das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos”.(Conferência Intergovernamental de Tbilisi-1977)
Um dos métodos para atingir os objetivos propostos pela Educação Ambiental (EA) é trabalhando-a no ensino formal. Para tanto, faz-se necessário trabalhar com o rompimento da visão unilateral do ambiente, por meio de atividades interdisciplinares que proporcionem a descompartimentalização do saber. Considerando a Educação Ambiental um processo contínuo e cíclico. Isso pode ser enfatizado a partir de um dos Princípios da Educação para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global elaborados no Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global em 1992:
“A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e inter-relações em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico. Aspectos primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao meio ambiente, tais como população, saúde, paz, direitos humanos, democracia, fome, degradação da flora e fauna, devem se abordados dessa maneira.”
A EA é responsável por enfatizar a necessidade e articular iniciativas integradas que promovam o equilíbrio entre os diferentes
ecossistemas e culturas da Terra. Esta ação parte da mudança de valores individuais, transita pelo conhecimento e respeito das particularidades locais, pela adoção de condutas sustentáveis e abrange a totalidade do ambiente. O dever de reconhecer as similaridades globais, enquanto se interagem efetivamente com as especificidades locais, é resumido no lema de Pensar globalmente, agir localmente.
A escola é o espaço social e o local onde o aluno dará seqüência ao seu processo de socialização. É de extrema importância que cada aluno desenvolva as suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para a contemplação de uma sociedade socialmente justa, em um ambiente saudável. Por isso, comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis.
Para atingir esses objetivos, e principalmente ir ao encontro do lema supracitado, a escola é usada como base fundamental, onde o aluno aprende formalmente aquilo que será tratado sucessivamente na vizinhança, na cidade, região, no estado, país, continente e finalmente no planeta.
“Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo” (Paulo Freire)
Uma ação em EA, para ser efetiva, deve promover simultaneamente, a construção do conhecimento, de atitudes e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade ambiental. Para tanto, se as práticas que forem relacionadas às situações da vida real, ao contexto local da cidade, e à realidade de alunos e professores, o resultado tende a ser positivo, pois auxilia no trabalho da interdisciplinaridade, fazendo laços entre as atividades para que possam convergir no primeiro passo da EA. A sensibilização, um processo de alerta, o primeiro para alcançar o pensamento sistêmico que consistirá nas etapas de: compreensão, onde o conhecimento dos componentes e dos mecanismos que regem os sistemas naturais são construídos e interligados; responsabilidade, que é o reconhecimento do ser humano como principal protagonista da mudança; competência, onde é trabalhada a capacidade de avaliar e agir efetivamente no sistema; cidadania, o passo onde o sujeito aprende a participar ativamente e resgatar direitos, além de promover uma nova ética capaz de conciliar o ambiente e a sociedade.
Porém, para que todos os objetivos sejam alcançados, é importante utilizar uma metodologia adequada, que avalie todas as etapas do processo e analise os avanços dentro do programa. Uma metodologia interessante para a EA é a Metodologia Planejamento, Processo, Produto (PPP), criada por Susan Jacobson. A metodologia utilizada nesse processo incentiva a avaliação continuada, ou seja:
“em cada etapa do processo de um programa de Educação Ambiental é feita uma avaliação para verificar a eficácia ou não do que está sendo aplicado. Com esta metodologia, a avaliação passa a ser uma importante ferramenta nos projetos de Educação Ambiental. Quando falamos em Planejamento estamos nos referindo à fase de organização/planejamento do programa. O Processo é a fase da implantação, execução de tarefas, atividades, etc. O Produto é o resultado do programa, com seus acertos erros e conquistas”1.
______________________
1Apostila do Curso de Educação Ambiental e Ética – módulo 6 – CENED
Dessa forma, todas as etapas do programa podem ser avaliadas, analisadas, revisadas e corrigidas, aprimorando o desenvolvimento no processo e reestruturando o programa de acordo com as demandas e/ou falhas encontradas.
A Lei N° 9.795 de 27 de abril de 1999e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN´s), formalizam a necessidade da construção de uma rede de conhecimentos, na qual todas as áreas do conhecimento interligam-se e promovem o entendimento integral do ambiente. O envolvimento dos educadores é importante para a articulação desta rede, onde todos irão ensinar e aprender igualmente, promovendo o trabalho interdisciplinar e mostrando aos estudantes que eles não são meros atores nesse contexto, mas sim parte integrante, verdadeiros sujeitos transformadores, capazes de crescer pessoal, social e ambientalmente!
“Se a educação tudo pudesse, ou se ela pudesse nada, não haveria porque falarmos de suas potencialidades e limitações”
(Paulo Freire)
Autora: Alice Gomes Antonucci
Referências:
BIBLIOTECA PAULO FREIRE. Disponível em: http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/principal.jsp. (Acesso em 02 de fevereiro de 2009)
BRASIL, Governo Federal. Lei de diretrizes e bases da educação nacional nº 9394/96. Brasília: 1996.
BRASIL, Governo Federal. Lei de educação ambiental nº 9795/99. Brasília: 1999.
BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC, 1997.
CONFERÊNCIA DE TBILISI – Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental aos Países Membros, 1977. Disponível em: http://www.scribd.com/doc/95291/Conferencia-tbilisi-moscou?query2=tibilisi . Acesso em 05 de fevereiro de 2009.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas 3a. ed. São Paulo: Gaia, 1994.
FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. 19ª ed: Rio de Janeiro – Paz e Terra, 1989
GUIMARÃES, Mauro. A Dimensão Ambiental Na Educação. Papirus, Coleção Magistério: formação e trabalho pedagógico Campinas, Sp,. 107p.1995.
SATO, Michèle; SANTOS, José Eduardo. Tendências nas pesquisas em educação ambiental. In NOAL, F.; BARCELOS, V. (Orgs.) Educação ambiental e cidadania: cenários brasileiros. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2003, p. 253-283.
TEIA – Tecendo com e Escola a Integração Ambiental – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP/ PROEX)
TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS E RESPONSABILIDADE GLOBAL. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/tratado.pdf. Acesso em: 10 de fevereiro de 2009
VEIGA, Alinne; AMORIM, Érica; BLANCO, Mauricio. Um Retrato da presença da Educação ambiental do Ensino Fundamental brasileiro; Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2005.