Autora: Mariana Caldeira
Vivemos tempos onde o mercado é o governante soberano. Capital! Quem é a base do capital? NÓS! Eu e Você, consumidores!
A aglomeração populacional, os padrões de consumo, de deslocamento e as atividades econômicas urbanas exercem intensos impactos sobre o meio ambiente em termos de consumo de recursos e eliminação de resíduos. Dados revelados pela Organização das Nações Unidas (ONU) revelam: quase metade da população mundial (47%) vive em áreas urbanas e espera-se que esse número cresça 2% ao ano entre 2000 e 2015.
As áreas urbanas causam impactos ambientais locais e também impactos nas chamadas “pegadas ecológicas” (WWF, 2000). Que é Lembrando que é o nome de uma metodologia criada para avaliar a área de terra e água que uma pessoa ou a população inteira de uma cidade precisa, em um ano, para produzir os recursos que consome e assimilar os resíduos gerados, incluindo as emissões de gás carbônico na atmosfera.
A Conversão de áreas agrícolas ou florestais, o aterro de áreas úmidas, a exploração de pedreiras e as escavações para obtenção de brita, areia e materiais de construção em larga escala, desorganizam o meio natural para um nível de energia mais baixo, num processo entrópico. Nós estamos acabando com nossa casa única, a Terra e comprometendo a nossa própria existência.
A poluição atmosférica afeta cada dia mais a saúde da população urbana e a grande concentração de carros e indústrias nas cidades, fazem das mesmas, verdadeiras “bombas” para o meio ambiente.
Embora alguns problemas ambientais locais tendam a diminuir com o crescimento dos níveis de renda, outros tendem a piorar. Serviços de saneamento deficientes acarretam riscos ao meio ambiente e à saúde, principalmente devido à exposição direta a fezes e à contaminação da água potável. A poluição do ar e da água causa doenças respiratórias crônicas e infecciosas. Doenças transmitidas pela água, como a diarréia e as infecções por parasitas intestinais, taxas de mortalidade mais elevadas, principalmente entre crianças, e mortes prematuras vão afetar especialmente a população carente.
Os aterros sanitários não são nada ecológicos, é como varrer uma casa e jogar a sujeira por de baixo do tapete. Mais de 40% são de recicláveis que se acumulam nos aterros, num espetáculo de desperdício que poderia estar livrando muita gente do sufoco. O lixo enterrado entope e contamina o lençol freático, sem contar nos montantes gerados pelas construções civis, que não tem destinação adequada. É necessário que se reveja o conceito do lixo.
A população carente urbana está particularmente exposta devido a sua localização e à limitação de recursos para comprar água potável, para ter acesso a atendimento médico ou para se proteger de inundações, de forma a compensar tais problemas. Contudo, a informação epidemiológica e demográfica mundial sugere que as taxas de sobrevivência são melhores nas cidades do que nas áreas rurais, em função de um melhor acesso aos serviços de saúde.
Há muitos outros efeitos ambientais que, embora sejam menos quantificáveis, são igualmente importantes. A perda de área verde em áreas urbanas, a destruição de ecossistemas locais especiais, a poluição sonora e outros elementos desagradáveis para a visão e o olfato, provocam perda na qualidade de vida. As indústrias fabricantes de alimentos industrializadas poluem a água, o ar, o solo e conseqüentemente, diminui a vida em nosso planeta.
Todos nós trazemos no corpo as marcas de uma profunda identidade com o planeta. São marcas profundas, viscerais, que não podem ser apagadas. A primeira delas é a água. O mais fundamental dos elementos está presente em nosso corpo na mesma proporção em que aparece no globo terrestre. As lágrimas que derramamos de dor ou de alegria tem o sabor dos oceanos.
A água do mar tem quase a mesma consistência do soro fisiológico. Em nosso sangue carregamos a terra, pulverizada nos sais minerais, que vitalizam tecidos e órgãos. Ferro, cálcio, manganês, zinco, que jazem nas profundezas do solo, correm pelas nossas veias.
Desde o primeiro choro, quando inauguramos as vias respiratórias e inalamos pela primeira vez o ar que enche os pulmões, participamos de um grande espetáculo da natureza, que revela em pequenos detalhes, a grandeza do universo. Nossa principal fonte de energia é o ar. Podemos suportar dias sem comer ou beber. Mas não podemos ficar tanto tempo sem ar. Enchemos os pulmões de oxigênio e devolvemos gás carbônico para a atmosfera. Esse gás é absorvido pelas espécies vegetais, que através da fotossíntese, devolvem generosamente, oxigênio. Como se vê, interagimos intensamente com o meio natural. Nos confundimos com esse meio ambiente. Somos parte dele e ele de nós.
Neste início de terceiro milênio, quando a humanidade estabelece novos recordes de destruição dos recursos naturais, perdemos o contato com a Mãe Terra e, não por acaso, com nós mesmos. Na agitação da vida moderna, vivemos encubados em casas e apartamentos, elevadores, escritórios, ônibus e carros. O tempo do relógio se sobrepõe ao tempo natural, em que cada coisa acontece na hora certa, sem angústia ou ansiedade.
Nós que ditamos o que será vendido nos supermercados e lojas. Os produtos só estão á venda porque pedimos que eles lá estivessem ou aceitamos a sua presença e o aderimos ao nosso dia a dia. Todos os alimentos que passam por processos industriais perdem a maioria de suas propriedades nutricionais e depois outros químicos, que vieram de outras indústrias não menos poluidoras. Eles são adicionados para diminuir o estrago e não consumirmos esponjas com sabores, gorduras e cor.
A vida nas cidades é corrida e a mudança no estilo de vida requer um planejamento e bom pensamento sobre as atividades. Porém, não é impossível diminuir a quase zero os industrializados. Tomates maduros batidos no liquidificador são mais gostosos e saudáveis que o molho enlatado, não vem em embalagem de alumínio e fica pronto quase no mesmo tempo que o outro molho! Só um exemplo.
Aí me deparo com o seguinte: a quantidade de agrotóxicos existente nos tomates. Está provado que agrotóxicos, que é o mesmo que defensivo agrícola, embora tenham achado um nome mais bonito; e fertilizante causam câncer, deformações no feto e até problemas neurais. Além de poluir o solo, o ar e a água.
O orgânico é caro?! MUITO! Por que só tem um ou dois que vendem e podem cobrar o preço que quiserem por isso. Se nos juntamos e começamos a montar rede de consumidores de orgânicos: crescem os produtores e o preço cai. Sobe nossa saúde e de nossos descendentes. Incentiva o pequeno produtor e nem tantas pessoas sairão do campo para encher favelas urbanas.
Não parece nada inteligente essa forma de vida. O que vamos comer? Usar? Consumir? Escolhemos e formamos o mundo a todo o momento.
Faz-se urgente a necessidade de um modelo de vida menos impactante. Casos horrorosos são escondidos e graças à internet e aos e-mails algumas coisas chegam até nós. Procurem e acreditem nas coisas mais absurdas: é verdade. Indústrias, sem atendimento a legislação e normas é o mais comum neste país, sabemos que a fiscalização brasileira é corrupta e pequena. E esse é um outro importante assunto que não podemos deixar de considerar.
Podemos ter uma alimentação saudável de idéias e alimentos: frutas, verduras, integrais, ovo caipira, pensamentos e atitudes de PAZ e amor.
Esquecemos de nos conectar ao que empresta sentido à vida, que é a própria vida em essência, com um imenso repertório de ensinamentos. Assim, deixamos de olhar para o céu e perceber como está o tempo, perder alguns segundos admirando o esplendor de uma manhã ensolarada, o prazer do vento que desgrenha os cabelos trazendo alívio e frescor, o horizonte sem limites do mar azul, a imponência das montanhas, o brilho cintilante de uma estrela que atravessa milhões de quilômetros na velocidade da luz, e que depois de driblar as nuvens e a poluição, aparece no céu sem que percebamos seu esforço heróico.
Mergulhados em afazeres mais urgentes, nos afastamos de nossa essência. Será coincidência que o avanço da destruição da natureza se dá na mesma velocidade com que registramos o crescimento das estatísticas de depressão e suicídio? É preciso refazer os elos e perceber com humildade que as pequenas coisas da vida encerram as grandes verdades da existência. O mundo está em nós e nós no mundo. O meio ambiente começa no meio da gente.
Tenho meus escorregões e às vezes não consigo fugir dessa ditadura, por isso peço a ajuda de vocês, que como eu consumidora, têm o mundo nas mãos. É muito mais amplo que o que eu disse aqui, achem suas soluções! Obrigada pela atenção aos que chegaram até aqui. Que ajamos com consciência de nossos atos e tenhamos conhecimento do que nos cerca. Repensem.