Água para o próximo, atitudes em favor do próximo

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Autor: Luis Antonio Gomes Santos

Diante de um novo conhecimento é necessário ponderar alguns posicionamentos pessoais, que trazemos ao longo da vida, muitos deles, com a plena convicção de estarmos certos e outros sem convicção nenhuma. Assim, pode-se interpretar o sentido de se praticar a Educação Ambiental, questionar mais uma vez, o que de fato seja ética, pois a certeza de ter razão não nos permite uma mudança de atitude, ou seja, a questão ambiental requer muito mais que reflexão e conscientização, exige ações concretas e mudanças de atitudes para com o próximo e a favor dele.

Ao longo do curso de Educação Ambiental e Ética, promovido pelo CENED, Centro Nacional de Educação a Distância,  a reflexão, a respeito do mundo onde estamos inseridos, tomou conta dos pensamentos deste aluno. Notadamente, em relação à água, o líquido que consideramos precioso, que até informamos como professor os números tão conhecidos da quantidade de água doce existente no mundo e de que forma ela se encontra, todavia não ponderamos, de fato, na quantidade de pessoas que estão sofrendo com a sua parcial ou total escassez.

Surge o questionamento sobre as ações concretas e mudanças de atitudes para com o próximo e a favor dele, mencionadas no parágrafo inicial, o que estamos fazendo para as essas pessoas que estão literalmente morrendo de sede? Aparentemente, não estão ao nosso alcance as possíveis soluções, haja vista nos parece tão distantes os países que sofrem desse problema, agimos como se não houvesse esse problema no Brasil, como se não houvesse a desnutrição no País, como se os resíduos industriais que são jogados nos rios não nos pertencessem porque não somos donos de indústrias;  que 2025 está muito longe, e a projeção de que estaremos utilizando 70% da água é pouco, faltam 30% para chegarmos a sua totalidade. Essa omissão é tão pior quanto a culpa dos governantes, responsáveis pela administração do mundo. Incorremos na frase de Gandhi: “O que me preocupa não é o grito dos rebeldes, mas o silêncio dos bons”. E continuaremos com essa postura de bons, quase que totalmente omissos em relação ao meio ambiente.

Os desastres ambientais causados pela má gestão da água, gerando a escassez desse precioso líquido, a própria qualidade da água que chega ruim para muitas pessoas, todo esse conjunto de problemas têm soluções e estão também ao nosso alcance. Precisamos nos envolver com conhecimento de causa da agenda 21 local, conhecer os problemas relativos à água em nosso município, mesmo que seja em São Paulo ou em Brejões, cidade do interior da Bahia.

Com o crescimento do consumo de água nas grandes cidades, na irrigação, com a própria poluição da água com a utilização de produtos químicos, leia-se agrotóxicos, estamos fazendo uma equação de vida cujo resultado será negativo, ou seja, a água está sendo utilizada de maneira desenfreada, sem controle e, ao mesmo tempo, está sendo “destruída” gradativamente. Além de outros aspectos graves, como a matança de várias espécies de animais e vegetais. Todo esse ‘somatório negativo’ está acontecendo por “falta de escrúpulos comercias”, como bem professava Roberto Carlos em sua música “O progresso” há 33 anos, citando ainda em relação à água “que não queria ver das águas dos rios, os peixes desaparecendo, muito menos navegar com tantas manchas de óleo nos mares”, ele já questionava o descaso para com o meio ambiente nos anos setenta.

Os problemas são demasiadamente conhecidos por todos. As soluções existem, mas  são pouco divulgadas para a população. Elas precisam ser colocadas em prática o mais rápido possível, como prega a ONG Internacional Greenpeace: é agora ou agora, se quisermos salvar o planeta.

Então, divulgar as soluções para a população que mais precisa de informação, começa a partir de atitudes simples, mas que colaborariam para um dos maiores problemas que temos em relação à água: o uso descontrolado. A lista abaixo traz algumas soluções que são possíveis de serem feitas, inclusive em alguns países já são realizadas:

  • Divulgação nas contas de água de todas as companhias nacionais maneiras de se utilizar a água de forma econômica, isto é, com aquelas informações básicas, da quantidade que gastamos quando deixamos torneiras abertas, válvulas ou chuveiros, lavagem de carro com mangueiras, etc.; se possível informar a quantidade de litros gasto no mês;
  • Incentivo do governo à população para corretas atitudes de utilização da água em suas casas, isto é, explicar o sentido da água em nossas vidas através de peças publicitárias nos meios de comunicação e nas escolas;
  • A reutilização da água do banho para a descarga do vaso sanitário, como é feito em alguns países;
  • Fiscalização mais rigorosa nas cidades consideradas “paraísos hídricos”, como Águas de Lindóia, em São Paulo, onde boa parte da população usa a água como se fosse um recurso infinito;
  • Campanhas das prefeituras ou secretarias de meio ambiente para que a população não despeje o óleo de fritura dentro dos ralos das pias; armazenagem do óleo em garrafas pet para depois doá-lo para pessoas que fabricam sabão utilizando também o óleo como matéria prima;
  • Identificação por parte das regionais (subprefeituras) as empresas/indústrias que despejam resíduos industriais ou dejetos dentro dos rios, açudes ou qualquer tipo de manancial;
  • Um trabalho mais eficaz dos professores sobre o correto uso da água, não apenas como um assunto dentro do tema transversal meio ambiente proposto pelos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) ou debates pontuais durante a Semana da Água, mas a água como um tema multidisciplinar, em que os alunos compreendam em todas as disciplinas as possibilidades filosóficas de entender a água como a essência de suas vidas;
  • Nos meios de transportes que utilizam os rios, mares, como os barcos, ferry-boats, navios, a fiscalização deveria ser mais rigorosa com os passageiros que jogam latinhas, copos descartáveis e outro
    s objetos, principalmente nos mares, que é responsável anualmente por 430.000 kilômetros que evaporam do mar e em torno de 110.000 kilômetros cúbicos caem como água doce sobre a superfície da terra (dados do CENED – Centro de Educação a Distância);

Na citação das possíveis soluções para resolver o problema da água, não podemos esquecer que o mundo passa por uma crise em todos os níveis, infelizmente a intolerância é a maior delas, a falta de amor propriamente dito. Sabe-se também que já ocorrem muitos conflitos por falta de água, é o terror silencioso instalado nesses  locais,  que a mídia muitas vezes não destaca em seus noticiários, como também os cerca de 22 países que não dispõem mais dela, não é dito para o mundo o tamanho do sofrimento desses países.

De maneira geral, a degradação ambiental se dá por ganância daquelas pessoas que vêem no dinheiro o seu horizonte e se esquecem das minorias que estão sofrendo com a escassez de água, de alimentos, com problemas crônicos de saúde e com as mudanças climáticas, pois o faturamento dos criminosos e os “bons” ultrapassa a casa dos bilhões, muitos deles até participam de movimentos ambientais.

De fato, os “donos da água” ou que se acham donos dela, os que a exploram ou os que a utilizam de forma correta, todos devem tentar rever, de diversas maneiras,  as suas posições, as suas atitudes consumistas. Situar-se em qual dos grupos estão, perceber o que realmente pode ser feito para amenizar esse problema, buscar as soluções urgentemente, sem discursos prontos do já tão batido politicamente correto, caso contrário,  sem querer forçar um trocadilho: pode ser a gota d’água.

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